Apesar de a aerodinâmica responder por boa parte dos resultados operacionais em um veículo de transporte, motoristas mais tradicionais norte-americanos não abrem mão dos clássicos, e ainda apostam em modelos como Kenworth W900, Peterbilt 389, Western Star 4900 e International 9900i. Será que esses são os últimos dos moicanos?
Se querem ganhar dinheiro, os transportadores de todas as partes do mundo levam em conta os custos operacionais.
As modernas gerações de cabine bicuda há tempos deixaram para trás as linhas retas e os desenhos geométricos para adotar a estética aerodinâmica, capaz de economizar muitos galões de combustível e, com isso, muitos dólares.
Nos Estados Unidos e no Canadá existem, porém, muitos motoristas apegados às tradições e que não se adaptam à nova tendência, tanto que nas concessionárias, a procura é maior pelos clássicos convencionais, quase escassos naqueles mercados.
Não é difícil ver pelas estradas estadunidenses esses espécimes rodando. Seguramente conduzidos por autônomos ultraconservadores que estão nesse ofício por herança de seus pais. Contudo, as frotas que visam o lucro, e o coloca acima dos valores emocionais, aceitaram bem os caminhões mais modernos, mesmo porque eles ainda atendem a preferência nacional com suas cabines bicudas, porém, mais arredondadas e com motores mais eficientes.
O CLÁSSICO TAMBÉM É MODERNO
Uma olhada rápida sobre o universo dos caminhões que fazem parte da populosa Classe 8 nos Estados Unidos – equivalente à categoria de caminhões pesados rodoviários no Brasil – já permite concluir que, realmente, os Clássicos Convencionais são uma espécie ameaçada de extinção.
Um ícone autêntico para os motoristas, como a Kenwort, tem apostado na série limitada para comemorar o aniversário de seu modelo W900 que completou 25 anos de trajetória, um bom exemplo de Clássicos Convencionais do século 21, assim como o seu conterrâneo Peterbilt 389. Também é necessário acrescentar à lista dos clássicos os modelos Western Star 4900 e o International 9900i.
Apesar de esses caminhões se manterem fiéis à tradição graças à estética, é inegável que eles possuem o mesmo nível de modernidade quando se trata do trem de força. São modelos equipados com os mesmos blocos de caminhões hoje considerados mais modernos, como o motor Paccar MX-13, que também equipa os caminhões DAF XF e CF, ou mesmo o propulsor Cummins ISX-15 dos caminhões Ken e Pet, além dos consagrados blocos da Detroit Diesel no Western Star – símbolo da filiação da “estrela do oeste” ao consórcio Daimler Trucks. Além dos motores, é preciso mencionar os câmbios manuais e automatizados, geralmente um Eaton Fuller, e os eixos Meritor e Dana Spicer.
A instrumentação do painel também deixou de lado aquele cockpit antigo e repleto de interruptores por todos os lados, com cores e formas diferentes, para assemelhar-se aos caminhões dessa nova geração.
Dentro dos cânones da construção modular, com fabricantes globais que lidam com montadoras em todo o mundo, não faria sentido produzir componentes muito diferentes para atender uma pequena demanda de mercado. Mas isso não significa que os Kenworth W900, Peterbilt 389, Western Star 4900 e International 9900i não conservem suas tradições e que, frente às impressionantes cabines, a modernidade se sobreponha.
O que se espera realmente é que esses clássicos ainda tenham uma longa vida e que seus fabricantes entendam que modernidade e tradição podem caminhar juntas.
por Andrea Ramos
Fonte: Portal O Carreteiro