Desde 2004, a UPS adota a política de seus motoristas de caminhões não dobrarem à equerda.
Evitar ao máximo dobrar à esquerda. Isso é quase um mantra para os motoristas das vans da UPS, a empresa americana de entregas que diariamente distribui 18,3 milhões de pacotes e documentos. Por causa dessa política, os motoristas não seguem os caminhos mais curtos quando se dirigem de um ponto a outro, nem evitam que seus caminhões fiquem mais tempo no trânsito. E por que fazem isto?
Tentar dobrar à esquerda no trânsito (ou à direita, em países onde a mão é do lado esquerdo) faz com que o motorista tenha de esperar que o semáforo ou o trânsito no sentido oposto dê uma oportunidade de cruzar. Também torna mais provável uma colisão entre veículos. Portanto, desde 2004, a UPS aplica o critério de não dobrar à esquerda e, atualmente, 90% das viagens que seus caminhões fazem são seguindo sempre pela direita.
De acordo com a empresa, isto permitiu economizar por ano cerca de 38 milhões de litros de combustível, deixando de emitir 20 mil toneladas de dióxido de carbono. Além disso, entregam 350 mil pacotes a mais.
Dobrar à esquerda implica mais tempo de espera numa rua e risco de colisão, segundo a empresa.
O software que escolhe as rotas dos motoristas, chamado Orion, tem um algoritmo de mais de mil páginas que não determina o caminho mais curto, e, sim, o mais conveniente. “O Orion não necessariamente traça a rota perfeita para nossos condutores, que fazem em média 120 paradas por dia”, diz Myron Gray, presidente de operações da UPS nos Estados Unidos. “Em vez disto, escolhe entre trilhões de potenciais rotas para dar um caminho mais eficiente a nossos motoristas. Sim, trilhões”, ressalta Gray.
Será que realmente funciona?
Dar quase todas as viradas à direita não foi o ideal em termos de tempo e a distância, pois isso demandou 10,8 quilômetros e 61 minutos para completar as entregas. Enquanto isto, com mais viradas à esquerda, o outro caminhão percorreu 8,3 quilômetros em 52 minutos. Mas realmente houve uma economia de combustível, já que dar voltas apenas à direita exigiu 1,81 litro de gasolina, enquato que dar voltas à esquerda, 3,08 litros. A conclusão é que, ainda que haja uma economia de combustível, esta ideia funciona para uma empresa como a UPS, que tem mais de 100 mil veículos, mas não para um motorista comum. Os responsáveis pela experiência dizem que, para se notar a economia, todos os motoristas de uma cidade teriam que ser proibidos de virar à esquerda.
Fonte: Revista Caminhoneiro
Foto: Getty Images