Além de substituir o asfalto, os painéis produzem energia que pode ser utilizada para abastecer o entorno
As estradas solares utilizam painéis modificados no lugar do asfalto. Seu atrativo é claro. Elas geram eletricidade a partir das rodovias e ruas, em vez de campos e desertos, o que pode poupar o uso da terra. Essas vantagens são particularmente importantes em um país como a China, com uma população enorme e onde a demanda por energia aumenta rapidamente
A China busca inovar e dominar o mercado cada vez mais lucrativo e estratégico da energia renovável. O país já produz três quartos dos painéis solares vendidos globalmente, e sua indústria de produção de turbinas eólicas também está entre as maiores do mundo.
Como as estradas cruzam as cidades, as “rodovias solares” permitem que a eletricidade seja consumida praticamente ao lado de onde é gerada. Isso significa que praticamente nada se perderia na transmissão, como o que pode acontecer com projetos em locais isolados.
Já a terra fica essencialmente livre, porque estradas e ruas são necessárias de qualquer maneira. Elas precisam ser recapeadas de poucos em poucos anos, a um grande custo, portanto a instalação de painéis solares duráveis poderia reduzir o preço da manutenção.
Nova forma de dirigir
As vias solares também poderiam mudar o ato de dirigir. As faixas elétricas aquecidas podem derreter a neve que cai sobre elas. Os emissores de luz incorporados na superfície podem fornecer sinalização aos motoristas, indicando saídas, obras e outros problemas de tráfego.
Agora, essas estradas estão finalmente se tornando viáveis. Os preços caíram drasticamente nos últimos anos; em geral, graças à crescente produção chinesa, um painel solar custa um décimo do que valia há uma década.
Os construtores na China querem até mesmo projetar estradas solares que possam recarregar carros elétricos que nelas trafeguem, reproduzindo uma recente experiência americana.
Os líderes chineses do desenvolvimento de vias solares são a Pavenergy e a Qilu Transportation. As duas estão trabalhando em conjunto em Jinan, na província de Shandong, com a Pavenergy fazendo os painéis para a Qilu, a grande empresa estatal que constrói e administra rodovias.
Como funciona
A superfície das estruturas é feita de um polímero complexo que se assemelha ao plástico, tem um atrito um pouco maior que o da superfície de uma estrada convencional, de acordo com Zhang Hongchao, professor de Engenharia da Universidade Tongji, em Xangai. Ele ajudou a desenvolver a superfície da estrada da Pavenergy, e disse que o atrito poderia ser ajustado conforme a necessidade durante o processo de fabricação para garantir um nível de aderência do pneu semelhante ao do asfalto.
A localização da estrada solar que está sendo testada, em uma longa curva ao pé de uma colina, não era a primeira opção, mas foi escolhida por causa de sua proximidade a uma subestação de eletricidade, garantindo que estaria conectada à rede.
A China está adicionando usinas solares e eólicas tão rapidamente por todo o país que os projetos de geração de energia mais distantes das subestações enfrentam às vezes atrasos de anos para serem conectados.
Mercado tem competição fora da China
O principal rival ocidental da Pavenergy e da Qilu é a Colas, um gigante de construção de estradas francês que desenvolveu 25 vias e estacionamentos solares experimentais, principalmente na França, mas também no Canadá, no Japão e nos Estados Unidos.
Sua maior planta solar, uma estrada rural na Normandia, aberta há um ano e meio, tem apenas metade da área da nova rodovia solar em Jinan. A Colas é mais reticente com a instalação de painéis solares em rodovias como essa chinesa por causa de preocupações de segurança; Zhang afirmou que os painéis eram completamente seguros.
Estradas solares ainda longe da realidade
Porém, os inúmeros desafios mostram que a ampla implantação de estradas solares ainda é um sonho distante.Por um lado, elas são menos eficientes que os painéis solares de telhado na conversão da luz do sol em eletricidade. Por serem planas e intermitentemente cobertas por veículos, produzem somente cerca de metade da eletricidade dos outros, inclinados na direção do sol.
As estradas solares também são mais caras que as de asfalto: o recapeamento e o conserto dessa custa cerca de US$ 120 por metro quadrado a cada década. Em comparação, a Pavenergy e a Colas acreditam que o custo de uma estrada solar seja de US$ 310 a US$ 460 o metro quadrado com a produção em massa.
Os painéis em uma rodovia provavelmente precisariam ser substituídos com menos frequência que o asfalto, e uma estrada solar pode produzir aproximadamente US$ 15 por ano em eletricidade a cada metro quadrado de painéis solares, ou seja, poderia se pagar em 15 anos”, disse Zhang.
O que não está claro é se os painéis seriam capazes de aguentar o peso de milhões de pneus por ano por mais de uma década, ou se podem ser roubados. O problema do asfalto é que ele se comprime ligeiramente sob o peso dos caminhões.
O silício azul das células solares, o componente de geração de eletricidade dos painéis, pode suportar muitas toneladas de peso, mas as células tão finas quanto papel se quebram quando dobradas. (Isso não é um problema na China, onde as estradas são construídas com bases de concreto muito grossas.)
Assim, os executivos da China estão esperançosos. Dizem que a tecnologia está pronta e que não estão preocupados nem mesmo com as complicações da construção de rodovias nos EUA.
“Se as condições permitirem, eu gostaria de construir uma estrada solar nos Estados Unidos”, disse Xu Chunfu, presidente da Qilu.
Fonte: Gazeta do Povo