ENTREVISTA – Como é ser caminhoneiro nos Estados Unidos?


Felipe Ramos tem 29 anos, morava em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e desde 2015 vive nos Estados Unidos. Ele deu uma entrevista para o Blog do Caminhoneiro, contando um pouco sobre como é ser brasileiro nos Estados Unidos, e como é ser motorista de caminhão na América do Norte, um sonho para muitos brasileiros.

Trabalhando em uma transportadora no Rio Grande do Sul, onde vivia, mas não como motorista, ele decidiu que morar nos EUA seria um passo importante para sua vida. Como não é casado e não tem filhos, a decisão foi mais fácil. “Eu não tinha uma vida ruim, no Brasil nunca me faltou nada, mas eu queria tentar”, destaca Felipe.

O primeiro passo foi ir para os Estados Unidos e procurar um trabalho que conseguisse pagar as contas. Inicialmente teve apoio de uma prima, que mora em Nova Iorque, mas posteriormente foi morar sozinho. Também foi necessário aprender falar inglês fluentemente, e esse processo inicial durou cerca de um ano.

Após conseguir o Green Card, obteve a carteira de motorista profissional, mas ainda assim é dificil de conseguir a primeira oportunidade como motorista de caminhão. “As empresas pedem pelo menos seis meses de experiência, e as empresa que dão mais oportunidade para quem está começando é para ficar três semanas viajando e um final de semana em casa, e eles não pagam bem”, completa. Felipe começou trabalhando em uma empresa pequena, com três caminhões.

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Algumas empresas nos Estados Unidos pagam o processo de emissão da carteira de motorista profissional para os motoristas que estão iniciando, mas com contrato de no mínimo dois anos de trabalho. Outras empresas tem processos seletivos mais “fracos” para os candidatos, que permitem que novos caminhoneiros, com pouca ou nenhuma experiência, consigam a primeira oportunidade. O custo da carteira de motorista profissional nos Estados Unidos pode chegar a até US$ 5.000.

Trabalhando como motorista profissional desde outubro de 2017, Felipe conta que começou em uma empresa pequena, com três caminhões, que faziam dois tipos de serviço. Na primavera e verão, faziam serviço com carretas basculantes, e no inverno o transporte de gás propano, com carretas tanque. Por causa desse serviço, além da carteira de motorista, é necessário um curso especial de transporte de produtos perigosos e outra carteira, especial para tráfego dentro de portos.

Posteriormente trabalhava com transporte de containeres, em outra empresa. Como era pouco serviço, ganhava uma salário bem menor. Depois conseguiu trabalho com o caminhão de um outro motorista, também brasileiro, que comprou um segundo veículo e precisava de um motorista. Desde então presta serviços assim.

Por trabalhar em uma empresa pequena, Felipe diz que ganha até melhor que motoristas de transportadoras grandes. Ele recebe como autônomo e paga os próprios impostos. Os motoristas profissionais dos Estados Unidos, que trabalham localmente, estão recebendo uma média salarial líquida de US$ 900,00 por semana, cerca de US$ 3.600 por mês. Os motoristas que trabalham em viagens mais longas, passando mais tempo longe de casa, recebem uma média salarial de até US$ 1.400,00.

Fazendo uma média de até oito entregas por viagem, Felipe nos conta que trabalha em rotas praticamente fixas, entre Massachusetts e Michigan, variando pouco. As viagens tem cerca de 850 milhas no total. A empresa para a qual presta serviços recebe cargas da região e de estados próximos e as viagem de Felipe iniciam sempre no sábado. Além de fazer as entregas, Felipe faz a organização das cargas para entrega, que muitas vezes são colocadas nos mesmos pallets mas são para endereços diferentes. Esse trabalho é conhecido como Lamper, e gera um extra para o caminhoneiro, que chega a aumentar o salário em cerca de 25%.

Apesar de passarem bastante tempo na estrada, os motoristas de caminhão tem uma estrutura à disposição para parada, descanso e alimentação que, como diz Felipe, é melhor do que em casa. Apesar de serem cobrados, os serviços à disposição são muito bons. O serviço é gratuito para quem abastece mais de 80 galões de diesel, cerca de 300 litros. Sem o abastecimento, o custo médio do banho é de US$ 12,00. Porém o motorista tem à disposição um banheiro completo e exclusivo, e não só o chuveiro em banheiros coletivos, como é no Brasil.

Caminhão que trabalha atualmente, Volvo VNL 1998

Morando nos Estados Unidos há quatro anos, Felipe diz que qualquer um que queira ir morar nos Estados Unidos tem que estar ciente que precisará recomeçar a vida, sem profissão. A experiência adquirida fora dos Estados Unidos não é válida no país. Por isso, antes de ser caminhoneiro, trabalhou com construção civil, até se estabilizar e conseguir a carteira de motorista profissional.

Também é necessário, para quem pretende ir trabalhar nos EUA, que tenha disposição para aprender e não pode ter preguiça, ainda mais se souber pouco ou nada da língua inglesa, pois é necessário se destacar profissionalmente para poder crescer e ganhar dinheiro no país.

Fonte: Blog do Caminhoneiro

Um comentário em “ENTREVISTA – Como é ser caminhoneiro nos Estados Unidos?”

  1. BOM DIA uma ótima descrição muito bem explicada pois não tinha noção de nada disso VALEU AMIGO Boa sorte .

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