O Governo de São Paulo quer diminuir pedágio para caminhões no horário noturno, a fim de otimizar o uso das estradas.
A medida, que pode ser implantada a partir de 2020, valerá apenas para determinados percursos dentro da “nova matriz logística” do estado, definida pela atual gestão Dória.
Levando em conta a origem, o volume e o destino dos principais produtos transportados, o governo estadual pretende estabelecer rotas ideais para o tráfego de cargas.
O caminhoneiro que usar a rota indicada, das 22h às 6h, teria direito ao pedágio com valor diferenciado. O percentual de redução ainda não foi definido.
O secretário de Logística e Transportes, João Octaviano, pretende realizar nas próximas semanas conversas com entidades setoriais e concessionárias de rodovias para negociar pontos do projeto.
Aumento do fluxo de veículos
A chegada e a saída de veículos na região metropolitana de São Paulo pelas estradas aumentou em cerca de 20% entre 2007 e 2017, de acordo com a pesquisa Origem e Destino, realizada pelo Metrô.
Cerca de 528 mil veículos transitam pelas rodovias que cortam a Grande São Paulo todos os dias. Os caminhões representam 24%.
Por conta desse crescimento, sobretudo nos horários de pico, a formação de filas nos acessos da capital paulista virou uma rotina que se contabiliza em quilômetros.
Tarifa de pedágio
Diminuir pedágio para caminhões que rodam à noite depende de ajustes nos contratos de concessões de rodovias em curso ou mudanças nos novos editais.
A tarifa é definida com base num cálculo que leva em conta a previsão de tráfego, o custo das obras previstas, as despesas com a operação, o pagamento de financiamentos e o retorno para os investidores, entre outros fatores.
“Se o valor da tarifa é reduzido para alguns, precisa ser aumentado para outros de modo a reequilibrar custos e receitas”, diz a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias em documento que trata genericamente sobre propostas de diferenciação de tarifas.
Octaviano diz acreditar que as empresas concordarão com a redução na tarifa noturna por conta da economia que vão obter com a redução no número de acidentes.
As empresas, afirma o secretário, quando há uma colisão, arcam com o custo de remoção dos veículos.
Segurança
Outro fator que pode impedir o governo de diminuir pedágio para caminhões que rodam à noite é a questão da segurança. No ano passado, de acordo com dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, houve 22.500 episódios de roubo de cargas no país.
Por conta do risco, de acordo com Tayguara Helou, presidente do sindicato das empresas de transporte de carga de São Paulo, em situações específicas, seguradoras estabelecem que a cobertura não vale para o período noturno.
Tayguara, mesmo assim, defende a redução no valor da tarifa à noite, desde que a medida não acarrete, como contrapartida, em uma majoração no preço da diurna.
O governo afirma que, ao adotar o desconto nos pedágios, irá reforçar a segurança nas rodovias, com mais policiamento no tráfego noturno nos corredores logísticos.
Adaptado de Folha de S. Paulo
Fonte: Trucao