Nove caminhoneiros que saíram do Ceará para entregar uma carga em uma fazenda em Campo Formoso, norte da Bahia, estão parados há três semanas em um posto de gasolina da BR-407, em Juazeiro. Eles viajaram cerca de 1.100 quilômetros com peças usadas na construção de torres eólicas para geração de energia com o vento, mas a empresa que contratou o serviço não pagou.
Os motoristas estão sem saber como irão descarregar a mercadoria, que é avaliada em R$ 5 milhões. A viagem, que deveria durar dois dias, se transformou em um drama. De acordo com os caminhoneiros, todo esse problema começou porque a empresa contratante teria atrasado as operações de transporte, não teria feito o pagamento do frete e nem dado condições para descarregar as peças. Com isso, gerou diárias, que também ainda não foram pagas.
O diretor comercial da empresa Tomé Equipamentos e Transportes, que contratou os caminhoneiros, informou que pagou 60% do valor do frete e que o restante será repassado quando a carga for entregue. Ele disse ainda que, depois de um acordo, a empresa vai pagar os adicionais por esses dias parados.
Porém, de acordo com o advogado Eduardo Madureira, ainda não houve acordo com a empresa. “Todas as tentativas de acordo foram sem êxito porque a empresa, apesar de apresentar propostas, ela mesmo se retrai ao cumprí-la”, disse.
Drama
Eduardo Pereira, caminhoneiro de Betim, Minas Gerais, está longe de casa há dois meses e não sabe quando irá rever a família. Os mantimentos que ele possui já estão acabando e ainda não há solução para o problema. “Está precária a situação. Não tem nenhum acordo. A gente está dormindo mal e não tem como tomar banho porque é cobrado o banho e o dinheiro já acabou. Aguardamos a resposta da empresa e até hoje nada”, disse o caminhoneiro.
O motorista André Voelkl também está passando por dificuldades. Na cozinha improvisada no caminhão, os alimentos também estão acabando. Tudo que ele queria era rever a família. “A gente está aqui trabalhando, tentando trabalhar, a gente não está conseguindo. Se eu for lembrar das minhas crianças em casa, dá vontade até de chorar”, disse o caminhoneiro.
André, Eduardo e outros sete caminhoneiros não sabem o que fazer para voltar para casa. “Estamos aguardando que eles pelo menos se manifestem e digam ‘olha, a partir de tal data vai ser acertado’. E cumpra!”, disse indignado o caminhoneiro Flávio Santos. Apenas um dos nove motoristas conseguiu autorização para descarregar as peças, mas até agora o dono do caminhão também não recebeu pelo serviço.
“O acordo foi de pagar umas diárias e depois fazer um depósito na conta após a descarga desse caminhão. Foi feito a descarga, mas até agora nada”, disse o caminhoneiro Marcos Barros. “É muito complicado. Espero que resolva o mais rápido possível para cada um seguir o seu caminho”, concluiu o caminhoneiro Eduardo Pereira.