Transformação


Mexendo em carros antigos desde pequeno, um eletricista de automóveis reformou um caminhão que hoje é quase invendável.

Altair Vandal era um garoto de Paraíso do Norte, PR, que tinha uma importante missão junto com dois amigos: consertar o carro do irmão Evaldo. Tratava-se de um “pé de bode”, 1929, com o qual o Evaldo Vandal dava umas voltinhas no final de semana, e que quebrava no domingo. Altair e seus amigos tinham a missão de deixar o “possante” pronto até o próximo sábado.

E essa missão deixou boas marcas e uma paixão: os carros antigos. Tanto assim, que em 1970 não sossegou até comprar um jeep DKW 1959.

Depois comprou um Ford 1929, “pé de bode”. Aqueles modelos recebiam esse apelido por terem as rodas muito finas que faziam um rastro parecido com o de um bode. Em seguida comprou uma “Baratinha” inglesa, com o volante do lado direito e para duas pessoas. A sogra ia sentada no porta-malas escamoteável.

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Ao passar por Paranavaí encontrou um caminhão Mercedes-Benz 1957, em péssimo estado, corroído pela ferrugem e cupins. Não teve dúvida, pagou R$ 9.000,00 e graças ao esforço, dedicação, três anos e mais de R$ 90.000,00, ficou como novo.

A mudança

“O que me deu mais trabalho foi a lataria, para fazer com que o caminhão voltasse ao estado original”, lembra Vandal. “Ou melhor, quase original. Ele era um modelo com carroceria e eu acabei o transformando em um ca-valo-mecânico. O modelo só foi lançado na Europa e eu queria deixá-lo o mais original possível”.

Para isso foi preciso desmontar o caminhão inteiro, deixando no chassi e começar tudo de novo. A lataria foi refeita por inteiro, o motor utilizado foi o de um MB 1313 turbinado, também foi instalado um diferencial alongado que permite o modelo atingir 110 km/h sem esforço.

“O pára-choque original era fininho, mas a gente preferiu fazer um mais largo, para dar um ar de imponência”, lembra Vandal. “O caminhão está perfeito, com tudo funcionando”.

E pelo jeito continuará assim por muito tempo. Isso porque Vandal só utiliza o caminhão para participar de inúmeras feiras e atividades para as quais ele é convidado.

Em uma delas, a necessidade era para decorar um baile dos anos 50. “Eu tinha uma lambreta 1963 que também reformei inteira e casava direitinho com o que eles me pediam”, conta Vandal. “A lambreta era prata, mas pintei de rosa e colocamos na entrada do baile. Fez o maior sucesso. Todas as moças do baile quiseram sentar e tirar fotografias na lambreta. As moças e alguns rapazes alegres também. Foi um show”, lembra rindo.

Por essas e outras aventuras, a relação entre Vandal e o Mercedes reformado ficou cada vez mais forte. Já tentaram separá-los, mas os R$ 150 mil oferecidos não foram suficientes. “Pra tirar ele de mim, tem que começar a conversar acima dos R$ 250 mil e ainda assim vou pensar muito”, previne o menino que consertava o “pé de bode” do irmão e hoje tem seu próprio cavalo-mecânico.

Fonte: Revista Caminhoneiro

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