Após quatro anos seguidos de queda nas vendas, levando o mercado automotivo a perder quase metade do tamanho que chegou a ter em seu auge, a percepção de que o setor finalmente alcançou o fundo do poço ganhou consenso na indústria de veículos.
Entre executivos de montadoras e fabricantes de autopeças, persiste, porém, a dúvida sobre o ponto de inflexão em que o consumo começará a reagir. Ou seja, ainda não se sabe por quanto tempo mais as vendas seguirão em queda, antes de dar a partida na recuperação.
As expectativas mais otimistas – como a previsão anunciada pela Anfavea, entidade que representa as montadoras – apostam em sinais de reação até o fim deste ano. Porém, há entre as associadas da Anfavea projeções mais conservadoras que indicam um mercado estagnado até dezembro. Ainda que as vendas de veículos não deem qualquer indício de melhora, a alta dos índices de confiança de empresários e investidores é visto como um primeiro sinal de melhora do ambiente econômico.
Além disso, a acomodação do ritmo diário de vendas a um ritmo ao redor de 8 mil veículos desde janeiro sugere que o mercado encontrou um piso, ou, numa visão mais pessimista, o “volume morto”, como declarou Marco Borba, vice-presidente da montadora de caminhões Iveco.
Mas mesmo os mais otimistas concordam que, independentemente de quando se iniciar, o ciclo de recuperação será lento. Nas contas do Sindipeças, entidade que representa a indústria nacional de componentes automotivos, a produção das montadoras, após chegar em 2016 ao menor patamar em 12 anos, volta a subir no ano que vem, mas não mais do que 3%.
Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, levou estimativas que indicam um faturamento de R$ 63 bilhões dos fornecedores das montadoras neste ano, R$ 17,1 bilhões a menos do que em 2014, bem como um corte de 35,5 mil postos de trabalho em dois anos.
Com uma cadeia de suprimentos que se encontra fragilizada, o presidente da Anfavea, Antonio Megale, defendeu medidas de estímulo aos fornecedores na renovação do regime automotivo, conhecido como Inovar-Auto. Para o principal porta-voz das montadoras, os fornecedores de componentes automotivos não tiveram incentivos suficientes na política industrial em curso, cujo prazo vence no fim do ano que vem. “O que poderia ter sido feito melhor e precisa ser trabalhado [no Inovar-Auto] é como fortalecer a cadeia de autopeças, que está bastante fragilizada”, disse Megale.
Fonte: Blog do Caminhoneiro