Acidentes fatais: imprudência no trânsito pode ser mortal


Rodar pelas estradas brasileiras pode ser uma tarefa perigosa. Falta de sinalização, condições ruins do pavimento – quando há pavimentação – tudo isso coloca a segurança dos motoristas em risco, como já falamos por aqui. Mas existe outro fator que agrava a situação nas rodovias do Brasil: a imprudência no trânsito.

Para o motorista profissional, falar de imprudência no trânsito é ainda mais importante, afinal para ele trafegar pelas rodovias é uma atividade diária.

Quem é o motorista infrator?

Uma pesquisa do Detran analisou 17 mil motoristas que tiveram o direito de dirigir suspenso porque cometeram infrações no trânsito e traçou o “perfil” do motorista infrator. Quase 80% desses motoristas têm mais de 30 anos e dirigem há mais de 10 anos – o que derruba a tese de que motoristas mais jovens e recém habilitados são, em sua maioria, imprudentes no trânsito.

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O motorista infrator geralmente é experiente, predominantemente do sexo masculino e com bom grau de escolaridade – a maioria deles concluiu pelo menos o ensino médio. É o típico motorista que adquiriu vícios e acha que dirigir é do jeito dele e não do jeito que a lei estabelece. As informações são do Jornal Hoje.

No trânsito, existem muitos fatores, motivados pela imprudência, que causam acidentes. Dois desses fatores merecem atenção especial do motorista estradeiro. Quais são eles? Continue lendo e entenda.

Excesso de velocidade

O excesso de velocidade é a segunda infração de trânsito mais cometida, perdendo apenas para o uso do celular ao volante, de acordo com uma pesquisa da Arteris. A prática é perigosa, pois favorece a perda de controle do veículo e pode aumentar a gravidade das colisões e das lesões das vítimas.

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No levantamento, 40,7% dos motoristas admitiram exceder os limites de velocidade e, para esses, a principal desculpa apresentada foi a pressa, que corresponde a 28,7% das respostas. 13,4% das pessoas ouvidas atribuiu a falha aos limites de velocidade baixos e 11,3% à falta de atenção.

O excesso de velocidade é uma infração que pode variar de média à gravíssima, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro. Tudo depende do limite de velocidade excedido. Por exemplo, é considerada uma infração média quando a velocidade atingida é de até 20% do limite permitido.

Por outro lado, se a velocidade ultrapassada for de 20% até 50% do limite permitido, a infração é considerada grave e, por fim, se o excesso de velocidade for acima de 50% do limite, é considerado, pela norma de trânsito, infração gravíssima. Informações do Portal iG.

Mesmo com as punições, existem condutores que insistem em dirigir com imprudência, o que causa esse tipo de acidente:

Nesse acidente, quatro motoristas de caminhão que estavam disputando um racha acabaram causando a morte de 5 pessoas – entre elas, três crianças. Um dos caminhões colidiu com o carro da família, que morreu no local.

O tipo de acidente que matou a família de 5 pessoas foi uma colisão frontal – que de acordo com a PRF é o tipo mais fatal de acidente de trânsito.

Sonolência ao volante

Descansar o suficiente para trabalhar é fundamental para o motorista estradeiro. Se ele estiver bem descansado, poderá dirigir com cuidado e ficará atento aos perigos que o trânsito oferece. Mas nem sempre é isso o que acontece na prática.

Dirigir com sono é uma das principais causas de acidentes nas estradas.

 

 

 

 

 

 

 

De acordo com os dados do Centro de Controle de Operações da Arteris, em 2017, 283 acidentes ocorreram porque o motorista dormiu ao volante. O número é 10% inferior ao registrado em 2016.

Além disso, as colisões traseiras, um dos tipos de acidente provocados pela sonolência, representaram 19,6% do total de acidentes verificado no ano passado. Dessa porcentagem, 645 episódios envolveram veículos pesados, o que corresponde a aproximadamente 40% do total de colisões traseiras.

Segundo a Lei do Caminhoneiro, o motorista deve ter uma jornada diária de 8h de trabalho. Ele ainda pode estender a jornada de trabalho para 10h, mas só é permitido fazer isso duas vezes por semana. O motorista também tem direito ao período de 11h de descanso e uma parada de 30 minutos a cada 6h de direção.

As pausas ajudam os motoristas a combaterem um fenômeno chamado ‘hipnose viária’. Isso acontece quando o condutor está dirigindo, mas tem a sensação de não estar fazendo isso. Como se perdesse a noção do tempo.

Sentença de morte

Enfrentar longas jornadas de trabalho sem descansar pode ser uma sentença de morte. Foi o caso de um motorista de caminhão que morreu em um acidente em 2008. 10 anos depois, a transportadora na qual ele trabalhava foi condenada a indenizar família da vítima, pois antes do acidente ele dirigiu 20h seguidas sem descanso, por pressão da empresa.

A transportadora foi condenada ao pagamento de R$ 150 mil de indenização por danos materiais, já que o motorista era responsável pelo sustento da família, e de R$ 50 mil por danos morais, uma vez que a falta de descanso causou a morte de um ente familiar.

Mas ainda assim tem motorista que se arrisca e aceita trabalhar por longos períodos, sem descanso. Uma das razões é o pagamento insuficiente. Um estudo realizado pela Universidade de Wayne State, em Detroit, constatou que motoristas que recebiam o suficiente não excediam os limites legais de horas de trabalho.

Agora que a tabela mínima de frete virou lei e o valor do frete passou a cobrir as despesas das viagens, pode ser que cada vez menos motoristas se arisquem dirigindo sem descanso.

Acidentes em rodovias

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 1,25 milhão de pessoas perde a vida no trânsito, por ano, ao redor do mundo. No Brasil, cerca de 40 mil óbitos a cada ano são registrados conforme os dados do Ministério da Saúde.

Cabine de caminhão arrancada em acidente

Imagem: Arquivo Pessoal/Eduardo Marson

Em 2017, foram registradas 89 mil acidentes de trânsito em rodovias federais. Se compararmos com os acidentes de 2016, houve um queda de 7,22%. O número de mortes nesses acidentes também diminuiu. A CNT registrou mais de 6 mil mortes em acidentes em 2017. Houve uma queda de 2% em relação ao ano anterior.

Apesar das reduções, os números continuam alarmantes. É preciso aumentar a conscientização dos motoristas quanto à imprudência no trânsito e seus perigos.

Conforme a consciência das pessoas à respeito das consequências de cometer infrações de trânsito aumenta, o que se espera é que os motoristas mudem seus hábitos e parem de dar desculpas.

Por Pietra Alcântara do Pé na Estrada

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