PIB fraco sem perspectiva de melhora tem potencial de desacelerar crescimento
Até o fim do primeiro quadrimestre do ano as vendas de caminhões no País já cresceram quase 45%, na comparação com o mesmo, período de 2018, com o registro de 30 mil veículos pesados de carga entre janeiro e abril, segundo dados contabilizados pela associação dos fabricantes, a Anfavea, divulgados na terça-feira, 7.
Contudo, quase dois terços das vendas de caminhões são de modelos pesados e semipesados, com participação de 50,5% e 21,2%, respectivamente, no total de emplacamentos. Boa parte do crescimento está concentrada nos cavalos mecânicos extrapesados, puxados pelas compras do agronegócio e suas exportações. O problema são os outros segmentos do mercado, que dependem muito mais do desempenho da economia doméstica e do avanço até agora fraco do PIB para crescer. Sem isso, o setor corre o risco de novo retrocesso se chegar ao fim o fôlego dos transportadores das safras agrícolas.
Integrantes da associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea, não querem nem ouvir falar de nova bolha ou crise no horizonte do mercado nacional de caminhões, que em 2016 e 2017 chegou ao fundo do poço com apenas 50,5 mil e 51,9 mil emplacamentos – depois de chegar ao pico de 172,8 mil em 2011. Este ano, após o bom desempenho do primeiro quadrimestre, a projeção é alcançar perto de 90 mil unidades e crescer em torno de 15%.
“Fazia tempo, desde 2014, que não tínhamos esse nível de vendas de caminhões no País. Esperamos crescer de forma sustentada em 2018 e 2019”, afirma Luiz Carlos de Moraes. |
Economista, recém-empossado presidente da Anfavea e vindo do setor de caminhões (Mercedes-Benz), Moraes admite que “a venda de caminhões está atrelada ao crescimento do PIB, o País precisa voltar a crescer de forma robusta e para isso é necessário a aprovação de reformas econômicas como a da Previdência, sem isso vamos voltar a ficar discutindo os mesmos problemas de sempre”.
EXPORTAÇÃO EM BAIXA DERRUBA PRODUÇÃO |
Há problemas externos bem mais urgentes. A crise econômica na Argentina atinge em cheio as exportações brasileiras de caminhões, que já recuaram 64% nos primeiros quatro meses do ano sobre o mesmo período de 2018 – bem acimam da queda de 44,5% observada nas vendas externas de automóveis e comerciais leves. De janeiro a abril foram exportados apenas 3,6 mil veículos pesados de carga, cerca de apenas um terço das 10 mil unidades exportadas no primeiro quadrimestre do ano passado.
O mau desempenho externo já se refletiu na produção, que cresceu apenas 1,9% de janeiro a abril, com 34,2 mil caminhões produzidos. No momento, portanto, os fabricantes dependem quase que integralmente do mercado doméstico. “Muitos buscam novas alternativas de exportação, mas ainda não foram suficientes para compensar a grave crise na Argentina, que não tem previsão para melhorar”, avalia Moraes.
ÔNIBUS TÊM RETOMADA FORTE |
A volta de grandes licitações para o programa Caminho da Escola, renovações de frotas urbanas e rodoviárias explicam a retomada vigorosa do mercado de ônibus no País este ano. Em quatro meses foram vendidos 6,4 mil chassis, em forte alta de 73,6% sobre o mesmo intervalo de 2018.
Ainda que menos dependente da Argentina, a crise no país vizinho também afetou as exportações e produção de chassis de ônibus no Brasil. As 2,6 mil unidades vendidas ao exterior de janeiro a abril representaram baixa de 18,3% ante igual período do ano passado. A queda foi refletida nas fábricas, que registraram recuo de 12,5% na produção de chassis, como 8,9 mil produzidos.
Fonte: AutomotiveBusiness