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Até que idade posso dirigir um veículo?

O Código Brasileiro de Trânsito não define idade limítrofe para a interrupção da atividade. Saber o momento de parar é essencial.

O Código Brasileiro de Trânsito prevê o início da concessão para a direção de veículos a partir dos 18 anos, mas nada define para a aposentadoria dessa concessão.

Sabemos que à medida que passam os anos limitações vão aparecendo. Em média, a partir dos 60 anos começamos ter um declínio na execução de nossas atividades. Em alguns, esse declínio é lento e progressivo, em outros, temos acentuação muitas vezes brusca devida ao aparecimento de alguma doença.

A direção veicular não é um procedimento tão simples, fácil como se imagina. É na realidade bastante complexa. Inicialmente podemos afirmar que depende de três funções básicas:

1 – a cognitiva que envolve raciocínio, entendimento, memória, comunicação, atenção, concentração, vigília e respostas imediatas;

2 – a motora responsável pela liberdade de movimentos, rapidez, força, agilidade, coordenação;

3 – a sensório perceptiva é onde se relaciona sensibilidade tátil, visão, audição e percepção.

Além de tudo isso, sabemos que existe uma grande repercussão dos fatores de risco presentes na direção veicular, no meio ambiente e no estresse causado que atuam diretamente sobre o organismo causando distúrbios agudos e processos degenerativos. A complexidade da atividade leva-nos a entender que estão presentes as repercussões do organismo sobre a direção e da direção sobre o organismo. É na realidade um somatório de agressões de um e de outro lado.

Quando se é portador de doenças primárias como hipertensão arterial, diabetes, doenças ósteoarticulares, distúrbio mental e emocional, doenças metabólicas e outras, certamente terão agudização desses processos, comprometendo as funções essenciais para a atividade.

Cada organismo é um organismo diferenciado. Nem todos apresentam os mesmos problemas de saúde, daí não termos no código de trânsito uma data definida para a interrupção da concessão. A única referência aos idosos (acima de 65 anos) é que seja feita avaliação médica a cada três anos, com o que não concordamos. Os processos degenerativos e a alternância de sinais e sintomas e mesmo do aparecimento súbito de doença é comum, o que nos leva a indicar exames periódicos a cada ano.

Temos observado que o próprio motorista muitas vezes ao perceber suas limitações passa a ter medo de assumir a direção acabando por abandoná-la. Outras vezes vemos alguns com limitações, mas insistindo em manter-se em atividade. A família tem importância capital quando detecta alguma das alterações aqui descritas ou quando do surgimento de doença aguda ou crônica, impedindo o idoso de assumir a direção veicular.

Todos sabem que a direção veicular é uma necessidade para o idoso, tornando-o integrado à família, à sociedade e conectado com o mundo.

Estimular, deixá-lo motivado para a vida, soerguer o moral, incentivá-lo é uma necessidade real. As limitações levam a depressão que por sua vez acelera o processo degenerativo e gera desarmonia interna. Aí é o caos.

Torna-se de extrema importância lembrar que normalmente nessa faixa etária faz-se uso de algum medicamento, às vezes múltiplos e que podem ter repercussão quando na direção. O médico da família saberá orientar quando riscos houver, não só o idoso, a família e o médico que habilita e renova a Carteira Nacional de Habilitação.

Por Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior

Fonte: O Carreteiro

Profissão da experiência: 30% dos caminhoneiros da BR-163 têm mais de 50 anos

Dos motoristas profissionais que trafegam pela BR-163, cerca de 30% têm mais de 50 anos, enquanto a média trabalhadores em Mato Grosso na mesma faixa-etária é de apenas 14%, conforme a última Relação Anual de Informações Sociais – 2015 (Rais), divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A média nacional de trabalhadores formais acima dos 50 anos é de 17%.

O perfil dos motoristas da rodovia federal que corta Mato Grosso foi levantado pela Rota do Oeste durante as edições do programa Parada Legal do Oeste realizada em 2016 em Cuiabá, Nova Mutum e Sorriso. Ao todo, 2.200 profissionais foram atendidos com serviços de saúde, lazer e educação, além de serem entrevistados para a pesquisa. Os dados coletados pela Concessionária apontam ainda que 68% são casados, o grau de escolaridade de 58% não ultrapassa o Ensino Fundamental, 40% concluiu o Ensino Médio, 64% são mato-grossenses e 49% transportam grãos.

O percentual de pessoas com mais de 50 anos trabalhando como caminhoneiro, na avaliação da economista Suely da Costa Campos, ocorre porque a profissão absorve uma mão-de-obra não aproveitada pelo mercado em decorrência da baixa escolaridade e qualificação para ocupar outros cargos. “A profissão de motorista, embora seja muito importante para o desenvolvimento do país, termina exigindo poucos requisitos. Com isso, as pessoas com idades mais avançadas acabam ocupando essas vagas”.

Os profissionais com mais de 50 anos ainda estão em idade produtiva e encontrar um mercado que acolha essa mão-de-obra é importante tanto para o trabalhador, quanto para a economia do país, como um todo. Vale lembrar que os caminhoneiros desenvolvem uma atividade exaustiva, passam longo tempo longe de casa e exercitam uma profissão de risco.

Outro ponto que contribui para a permanência desse profissional nas rodovias é o amor pela profissão. Muitos caminheiros entram na atividade ainda jovens e encontram na atividade o amor pelas rodovias. Aos 75 anos, sendo 52 anos como motorista, Aido Giroletti conta que sempre gostou de caminhão e viajar, e desde os 23 anos se dedica às estradas do país.

Com o trabalho conseguiu comprar um caminhão, criou os quatro filhos e planeja transportar grãos pelo Brasil enquanto tiver força. “Já estou ficando cansado e até já pensei em trabalhar com outra coisa, mas com o que? Dediquei a vida toda ao caminhão e é o que sei fazer. Minha saúde está boa, dirijo muito bem e conheço esse Brasil todo”.

Para Giroletti, a experiência como motorista faz muita diferença para a segurança de todos que viajam. Pontua que nas cinco décadas como caminhoneiro se envolveu em um acidente e acredita que a quantidade de motoristas de caminhão e carros de passeio inexperientes nas rodovias resulta nos altos índices de acidentes que registrados atualmente. “O pessoal é muito inexperiente, não sabe dirigir direito e não tem paciência. Isso resulta em um monte de acidente, provocado por pura imprudência”.

O caminhoneiro Elton João Alves, 28, herdou a profissão da família e há 6 anos transporta grãos. Revela que sempre atuou na área, mas antes operava máquinas pesadas e decidiu mudar a categoria da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para ganhar a vida nas estradas. “É uma profissão exaustiva, mas sou muito grato a ela. O que tenho devo ao meu trabalho como caminhoneiro. É uma profissão digna e muito bonita, mas infelizmente tem os contratempos”.

Casado e pai de dois filhos, Elton relata que não concluiu o Ensino Médio e pretende voltar a estudar, mas ainda não sabe como conseguirá frequentar as aulas uma vez que precisa viajar.

Fonte: Rota do Oeste