Arquivo da tag: família

O desafio de ser pai é ainda maior quando a saudade vira companheira.

Pensando nisso, aqui vão cinco dicas para quem passa o Dia dos Pais na estrada.

A estrada traz, todo dia, um apanhado de desafios e sacrifícios, seja na condição do asfalto, no sol que acompanha o trecho, às vezes na chuva, que deixa tudo mais perigoso, nos preços dos pedágios, mas, principalmente, na distância que fica entre o destino e a família. E a distância é a melhor amiga da saudade, velha conhecida dos caminhoneiros, que acompanha a jornada de dentro da boleia.

Muitas vezes, acontecimentos importantes ocorrem quando se está longe de casa. Os filhos crescem, aprendem a andar, a falar, começam a estudar, conquistam seus objetivos, se formam e, pelo destino, algumas dessas coisas não são possíveis de acompanhar de perto, porque o dever chama e você sabe que todo esse sacrifício é por aqueles que você ama e que ficaram em casa esperando.

Neste Dia dos Pais, separamos algumas dicas que podem ajudar a diminuir a saudade dos filhos, caso você esteja com o pé na estrada.

1. ​Carregue uma recordação
Família a gente nunca esquece, mas carregar recordações, como já é de costume, ajuda a trazer uma parte de quem ficou em casa para perto. Separe algum item especial antes de sair de casa e leve para a estrada. Vai ajudar nos momentos em que a saudade apertar.

2. ​Aproveite a tecnologia
Com o tempo, algumas coisas acabaram se tornando mais fáceis e o contato direto, mesmo com a distância, é uma delas. Quando sobrar um tempo, aproveite para fazer uma ligação, mandar uma mensagem ou até mesmo fazer uma chamada de vídeo. Vai ser um bom remédio para curar a saudade.

3. Mande uma carta
Aproveite os velhos costumes. Tem coisa que não sai de moda e sempre dá para usar. Quando sentir falta daqueles que estão longe, escreva uma carta. Além de conseguir colocar para fora o que você sente, também vai ajudar a amenizar a saudade de quem ficou em casa. Sem falar que um pedaço de papel com uma mensagem escrita à mão carrega um significado enorme.

4 . Converse
A rotina nas estradas pode ser muito solitária, mas é importante lembrar que você não está sozinho. Além da família, os amigos também são grandes companheiros e podem ouvir e entender o que você sente. Chame aquele camarada e converse. Isso vai ajudar nos momentos de solidão.

5. ​Encontre algo diferente para fazer
Horas de descanso podem ser raras em algumas viagens. O prazo aperta, o caminho é longo e a jornada fica corrida. Mas, caso sobre algum tempo, encontre algo diferente para fazer nos momentos mais tranquilos. Ler um livro, fazer palavras cruzadas ou qualquer outro hobbie vai ajudar você a se distrair.

E você? Conhece alguma outra dica para combater a tristeza que a distância e o tempo longe de casa trazem?
Compartilha com a gente nos comentários.

Em pausa da estrada, caminhoneiros se encontram para churrasquinho em família

Em pausa da estrada, caminhoneiros se encontram para churrasquinho em família

Ontem, no estacionamento do Buffet Yotedy, era possível avistar dez caminhões parados. Tratava-se de um encontro do grupo de caminhoneiros Conexão Loucas Noites (CLN), formado por profissionais da estrada e por admiradores dessa profissão que é um estilo de vida. Mesmo com a chuva, cerca de 40 pessoas resistiram sob as árvores e com a churrasqueira recheada de espetinhos de carne dos mais diversos tipos. A alegria em ter uma pausa na rotina tão corrida de caminhoneiro, ao lado da família inteira, estava estampada nos rostos.

Churrasquinho rendeu bons papos entre os amigos.  (Foto: André Bittar)Churrasquinho rendeu bons papos entre os amigos. (Foto: André Bittar)

De acordo com o organizador do CLN, Gabriel Riva, de 18 anos, que pretende seguir carreira de caminhoneiro, essas reuniões acontecem de dois em dois meses. “Esse é nosso oitavo encontro”, diz. E o papo que rola entre a galera não podia ser outro além de, claro, caminhão, e as mais diversas pautas que derivam do tema.

Silvanei de Oliveira Queiroz, de 30 anos, e caminhoneiro há 9, agradece a presença da reportagem do Lado B incessantemente. “A gente é muito mau visto pela mídia. Somos chamados de drogados e, na verdade, não é bem assim. Eu sou pai de família e não uso nada, quase ninguém desse grupo usa, inclusive, por isso fico tão feliz de ver vocês aqui”, comenta.

Silvanei e o organizador do grupo, Gabriel Riva.  (Foto: André Bittar)Silvanei e o organizador do grupo, Gabriel Riva. (Foto: André Bittar)

A sua cristal -apelido pelo qual os caminhoneiros chamam suas mulheres-, Cristiane Silva dos Santos, acompanhava o marido na festa, junto dos dois filhos, que querem seguir a mesma carreira do pai. “Eu não gostaria que eles fossem caminhoneiros porque é uma profissão muito perigosa, sem apoio”.

Mas, de acordo com os presentes no churrasquinho, o “diesel está na veia”. “Se você for parar pra olhar, toda família tem pelo menos um caminhoneiro. As crianças crescem fascinadas pelo veículo então faz parte”, comenta Silvanei.

Dos mais atualizados aos mais antigos, cada um dos caminhões estacionados tem um nome próprio e, quase todos eles, são dos próprios profissionais, que trabalham de forma autônoma dentro do Mato Grosso do Sul. “Os da Mercedez a gente chama de Mula. O meu é o Verdinho, mas a gente tem aqui também o Taradão do Pantanal, o Beiço, outros tem o nome dos donos mesmo”, brincam.

Silvanei, o filho, Luís Eduardo e sua cristal, Cristiane Silva. (Foto: André Bittar)Silvanei, o filho, Luís Eduardo e sua cristal, Cristiane Silva. (Foto: André Bittar)

Os caminhões são todos estilizados da maneira que o seu dono escolhe. E mesmo que isso lhes rendam algumas injustas multas nos trajetos,compensa, segundo eles. “A gente passa mais tempo dentro dele do que dentro de casa, então tem que deixar do jeito mais confortável possível”, comentam.

Alguns acessórios proibidos, como os foguinhos, os letreiros, os insulfilmes escuros e adesivos no vidro dianteiro, continuam instalados nos veículos. Tem ate acessório pra antena com temática de mulher sensual. Vale usar da criatividade na hora de montar e de batizar o seu próprio caminhão.

Fonte: Campo Grande News

Esposas de caminhoneiros sofrem violência silenciosa e pedem atenção para o problema

Um tipo de violência silenciosa e sem proibição legal está acontecendo diariamente com milhares de mulheres, esposas de caminhoneiros de todo o país. Ao acompanhar seus maridos nas viagens, elas são proibidas de entrar nas empresas onde eles realizam operações de carga e descarga.

As mulheres – e também os filhos – são obrigadas a descer do caminhão e ficar na rua, pelas calçadas, praças, nos meios-fios, a noite, à espera do retorno do marido que está na boleia do caminhão esperando a nova carga (ou descarga). Nesse meio tempo – que varia de algumas horas a dias – a família fica do lado de fora, na poeira e no calor, na chuva, no sereno, passando por situações de risco, de assédio, de fome e de humilhação.

“Esse quadro é cotidiano e é grave”, denuncia Ione Estela Pessoa, esposa de caminhoneiro que, cansada de ficar em bancos de praças, está criando um movimento nacional para chamar atenção para o fato. Ione está organizando um abaixo-assinado para ser entregue ao ministro dos Transportes, Maurício Quintella. “Até o momento já temos 3,5 mil assinaturas”, diz Ione, adiantando que vai buscar apoio para as reivindicações nas entidades de defesa da família, nas delegacias, em órgãos de empoderamento feminino e até no Ministério dos Transportes. “Precisamos parar com essa humilhação e o descaso com que somos tratadas”, diz ela.

A luta iniciada pelas mulheres é encampada também pela União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), entidade que defende caminhoneiros de todo o país e que organiza a categoria, inclusive sugerindo leis ao Congresso Nacional. O presidente da Unicam, José Araújo da Silva, o China, confirma as denúncias feitas pelas esposas e defende que elas possam ter acomodações temporárias, mínimas de conforto.

“São milhares de fábricas, indústrias e propriedades rurais pelo país que hoje são atendidas pelos caminhoneiros, sendo que o modal rodoviário movimenta 61% das cargas do país”, lembra China Araújo. “Já existe um tímido início nesse atendimento, mas queremos que as empresas possam se adequar, porque as mulheres realmente passam por situações de risco à saúde, assédio, desconforto e até violência”, assegura.

Ione Estela acrescenta que a viagem da família com um caminhoneiro é, na maioria das vezes, uma necessidade econômica. “Em tempos de crise, às vezes não é possível pagar um aluguel, então a família passa a viver no caminhão com o marido. Da mesma maneira, ao chegar a uma cidade, não é sempre que o caminhoneiro tem dinheiro para hospedar sua família em hotéis ou pensões até que ele seja liberado para nova viagem. Então, ele fica dentro do pátio da empresa e a família do lado de fora passando privações”, relata ela.

“O que nós queremos são apenas condições mínimas de abrigo, com um teto, banheiros para as necessidades básicas e alguns móveis para descanso. Não são condições impossíveis e já há casos no Brasil de empresas que criaram um galpão para as famílias”, apontou ela.

De acordo com Ione, as esposas – chamadas de “cristais” entre os caminhoneiros – entendem as regras de segurança das empresas e não questionam esse fato. “Não queremos entrar onde é proibido. Queremos apenas ser tratadas com dignidade e como ser humano que somos”, resume.

Ione Estela criou também um grupo de Whatsapp onde as “cristais” trocam mensagens e recebem relatos tocantes como o de uma esposa, cujo marido estava em uma empresa na cidade de Triunfo (SP). “Estou na empresa em Triunfo, sentada na rua, num banco, na chuva e sem banheiro”, diz o texto. “Essa situação também é uma de violência contra as mulheres. É uma violência silenciosa e que causa muito constrangimento a todas nós e queremos denunciá-la ao ministro Quintella. Por isso estamos fazendo o abaixo-assinado”, reforça Ione.

Para assinar o abaixo-assinado, CLIQUE AQUI.

Fonte: Repórter AM