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Quais os principais problemas enfrentados por caminhoneiros?

Para ser um caminhoneiro é preciso amar muito a rotina da estrada. Mais do que uma profissão, esse é um estilo de vida. Deixar a estabilidade de viver em uma só cidade para trabalhar viajando pelo país é uma grande aventura. Mas nem só de amor vive este profissional.

Mesmo gostando muito do que faz, o motorista precisa enfrentar uma série de desafios e dificuldades. O dia a dia do caminhoneiro não é nada fácil. Com isso, além do desejo por continuar pelas estradas, ele precisa também se preparar para os obstáculos do cotidiano.

Quer saber quais são os principais problemas de caminhoneiros que ofuscam a paixão pela boleia? Aqui, abordamos os desafios profissionais e apresentamos caminhos para contorná-los. Pegue uma carona neste post e acompanhe nossas dicas!

Quais são os principais problemas de caminhoneiros?

Insegurança

Certamente esse foi um dos primeiros aspectos que apareceram na sua mente quando falamos de problemas enfrentados pelos motoristas de caminhão. Infelizmente, a falta de segurança é uma realidade no nosso país. Nas estradas não seria diferente, não é mesmo?

Pelas nossas rodovias são transportadas, todos os dias, cargas de muito valor. Afinal, os caminhoneiros são responsáveis por uma parte significativa da distribuição de produtos pelos estados brasileiros. Tanta riqueza chama atenção de criminosos, que acabam se organizando para abordar motoristas e realizar saques.

Esse risco existe quando o caminhão está em movimento nas estradas, mas também quando precisa parar em pontos de apoio que não têm a estrutura adequada. Enquanto uma segurança reforçada no Brasil ainda não se faz presente, é possível pode tomar alguns cuidados para se prevenir. Abordaremos esse ponto ao longo deste post.

Más condições nas estradas

Junto com a insegurança, esse item é um dos principais problemas enfrentados pelos caminhoneiros. Todos que precisaram trafegar pelas rodovias brasileiras já conhecem as dificuldades estruturais. Se a má estrutura atrapalha, até mesmo, os veículos de passeio durante uma viagem, sem dúvida é um grande obstáculo para quem ganha a vida nas estradas.

Estamos falando de buracos, falta de acostamento, vias mal sinalizadas e rodovias não duplicadas. Todas essas características tornam a viagem mais demorada e perigosa. Além de precisar reduzir muito a velocidade e passar mais tempo dirigindo, o motorista fica mais exposto a acidentes.

Não bastasse todas essas consequências, o prejuízo financeiro também assombra quem tira seu sustento viajando. Isso porque as más condições das estradas geram problemas no caminhão. Afinal, nenhuma máquina suporta tantos solavancos. A manutenção de sistemas — como o de suspensão — acaba virando uma rotina mais frequente do que o esperado.

Panes mecânicas ou elétricas

Outro medo com o qual o caminhoneiro convive é a possibilidade de enfrentar panes no caminhão. Ficar parado no meio da estrada para resolver um problema não é nada interessante. Isso pode significar risco de assalto, cansaço excessivo, atraso na entrega e prejuízos financeiros.

O controle de manutenções pode minimizar muitos esse risco. Entretanto, há sempre a possibilidade de enfrentar imprevistos. O seu melhor amigo pode deixar você na mão algumas vezes, seja por falta de cuidados preventivos ou mesmo por problemas que fogem ao seu controle.

Falta de pontos de apoio

Dentre os principais problemas de caminhoneiros também podemos citar a inadequação dos postos de parada. Sabemos que a chamada Lei do Descanso veio para proteger o profissional e garantir que ele não se lance em jornadas de trabalho exaustivas, que muitas vezes colocam em risco a própria vida e a de outras pessoas.

Entretanto, muitos motoristas enfrentam o desafio de não ter onde parar quando chega o horário de descanso. Afinal, não é qualquer lugar que oferece condições para uma parada confortável — principalmente em relação à segurança. Com isso, vários profissionais precisam dirigir à noite para chegar até um ponto de parada melhor.

Passar noites sem dormir nunca será a opção ideal. Mesmo que você tenha facilidade em dirigir nessas condições, a falta de iluminação atrapalha muito a função e exige ainda mais do seu corpo, aumentando o cansaço. Mapear os pontos de apoio adequados e continuar lutando por melhores condições é necessário.

Dificuldades financeiras

Que caminhoneiro nunca precisou lidar com o aperto no orçamento? Infelizmente, as dificuldades financeiras fazem parte da vida de muitos desses profissionais. Em épocas de crise econômica, como a que estamos enfrentando no país, essa é uma dificuldade ainda maior. Com a baixa, algumas empresas suspendem processos e cortam gastos, influenciando nos ganhos dos caminhoneiros.

O profissional autônomo ou o gestor de pequenas frotas também precisa realizar ajustes nos custospara manter suas margens de lucro nesse cenário crítico. Rever valores do frete, estreitar parcerias, aperfeiçoar as rotas e dirigir com mais economia são algumas atitudes que podem minimizar os efeitos da crise nessa área de trabalho.

Também é importante que o caminhoneiro reveja o seu orçamento doméstico e se adapte à nova realidade. É claro que todos desejam que a crise não dure muito tempo, mas enquanto ela se faz presente é necessário cortar gastos em casa e aprender a economizar mais. Assim, você enfrenta as dificuldades sem desequilibrar suas finanças.

Saudade da família

Por fim, a distância das pessoas que ama também é um grande problema enfrentado pelo caminhoneiro. Conseguir estratégias para passar mais tempo com a família é um dos maiores desafios de quem precisa pegar mais cargas para aumentar o conforto em casa. É importante lembrar que o dinheiro não substitui a sua presença.

Junto com a saudade da família há outro sentimento muito forte na vida do caminhoneiro: a solidão. Além de estar longe dos pais, da mulher e dos filhos, o motorista também não convive de perto com os amigos e nem com os colegas de trabalho. Afinal, essa é uma função solitária.

Com o passar dos dias, pode ficar bem difícil estar tão sozinho. A boleia, grande amiga do caminhoneiro, geralmente está recheada de memórias. As músicas também são fontes de conforto durante as viagens. E, claro, os momentos de parada servem, além do relaxamento, para conversar e fazer novos amigos.

Quais são os problemas de saúde mais comuns entre caminhoneiros?

Além das dificuldades de ordem prática e emocional, o motorista de caminhão está mais exposto também a algumas questões de comprometimento de saúde. Na verdade, toda profissão gera riscos ocupacionais específicos, relacionados às condições de atuação do trabalhador.

Não é à toa que nossa legislação de segurança do trabalho está sempre se atualizando. Proteger as pessoas em seu ambiente de atuação deve ser um dos principais objetivos de governos e empresas. Conheça a seguir os problemas de saúde mais comuns em quem dirige caminhões:

Sobrepeso ou obesidade

A rotina alimentar durante as viagens não é das melhores. Por isso, o excesso de peso está entre os problemas de caminhoneiros. Muito além da questão estética, o sobrepeso e obesidade trazem vários riscos à saúde, principalmente quando relacionados a um cotidiano de sedentarismo e má alimentação.

Ou seja, o problema não é exatamente estar acima do peso, mas acumular muita gordura corporal em consequência de uma rotina nada saudável. Em geral, os caminhoneiros se alimentam bastante com produtos industrializados pela praticidade, e comem em restaurantes que abusam de óleos e comidas gordurosas.

Algumas consequências dessa rotina são: sensações de desconforto abdominal frequentes, dificuldade de digestão e aumento da gordura corporal. O sopreso ou a obesidade podem gerar outros problemas, como falta de disposição física, dificuldades respiratórias e até questões mais graves.

Hipertensão

Esse é um dos problemas de caminhoneiros que está relacionado à má alimentação e à falta de exercícios físicos, além de outros hábitos ruins, como o fumo. A pressão alta é uma doença perigosa, pois tem muita relação com o aumento de doenças cardiovasculares. Quem já desenvolveu esse problema precisa de acompanhamento médico e tratamento adequado.

Além da hipertensão, é comum entre os caminhoneiros o aumento das taxas de colesterol e triglicérides, consequências do excesso de gordura no sangue. Esse fato também eleva o risco de acidentes vasculares e ataques cardíacos. Por isso, é preciso ficar atento aos hábitos e passar por exames médicos frequentes para conhecer suas condições de saúde.

Doenças infectocontagiosas

Pela sua realidade de trabalho intenso e de viagens constantes o caminhoneiro fica também mais exposto a adquirir doenças causadas por vírus e bactérias. É o caso de viroses, infecções, hepatite e, até mesmo, doenças sexualmente transmissíveis.

É importante tomar os cuidados para aumentar a sua imunidade e se prevenir.

Como lidar com as situações na estrada?

Abasteça apenas em postos confiáveis

Para evitar panes durante uma viagem ou problemas prolongados no seu caminhão devido ao uso de combustível adulterado, tenha a certeza de abastecer em lugares de confiança. Infelizmente, às vezes é difícil saber, com certeza, se o local está agindo conforme a lei, mas alguns cuidados ajudam nessa prevenção.

Você certamente conhece vários caminhoneiros, não é mesmo? Trocar dicas sobre postos de qualidade é uma boa maneira de evitar esse problema. Além disso, você pode procurar opiniões ou denúncias na internet. Desconfie quando houver uma diferença muito grande entre um posto e outro e observe também como seu caminhão reage depois de abastecer.

Não dê caronas

Há alguns anos o hábito de trocar caronas e fazer amigos na estrada era muito comum entre os motoristas de caminhão. Infelizmente, os tempos mudaram e hoje essa prática é um grande risco e expõe você a um dos principais problemas de caminhoneiros: a insegurança.

Sim, aquela pessoa simpática solicitando uma ajuda pode criar uma armadilha para roubar sua carga ou seus pertences mais na frente. Para se precaver, não dê caronas para nenhum desconhecido. E lembre-se: um colega feito em um ponto de parada ou durante um almoço não virou necessariamente seu conhecido. Tenha muito cuidado!

Fique atento às condições de dirigibilidade

Muitas situações ruins enfrentadas pelo caminhoneiro na estrada têm a ver com as condições de direção. Perceber as dificuldades e se adaptar a elas é fundamental para que você trafegue com segurança. Você deve diminuir a velocidade em trechos com muitos buracos ou curvas mais perigosas, por exemplo.

Quando for preciso dirigir à noite, redobre os seus cuidados. Fique muito atento à estrutura da estrada e ao comportamento de outros motoristas. Nesse horário, pequenos sustos com outro carro, caminhão ou algum buraco na estrada podem causar acidentes e grandes prejuízos.

Faça paradas e relaxe o corpo

Para lidar com os problemas de caminhoneiros você precisa estar bem. Antes de pegar a estrada é essencial avaliar suas condições e ter a certeza de que está disposto a enfrentar as horas na direção. Parar de tempos em tempos para relaxar o corpo e fazer alongamento também é muito importante.

Quando você dirige cansado, qualquer imprevisto na estrada ganha proporções maiores — fica mais difícil reagir no tempo adequado, por exemplo. Por isso, tenha consciência e planeje todos os seus pontos de parada. Caso sinta necessidade, você também pode fazer pausas não planejadas. Esse não é um tempo perdido, pois você volta para a boleia com mais atenção e energia.

Leve kits de mecânica básica e de primeiros socorros

Outra maneira de se preparar para lidar com as situações da estrada é ter kits emergenciais. Um para você e outro para o seu caminhão. Leve sempre na sua bagagem os remédios que você toma com frequência e alguns outros que podem ser necessários. Medicamentos para dores de cabeça e resfriados são bem-vindos. Além disso, tenha materiais para limpar feridas e fazer curativos.

Em relação ao caminhão, é claro que você não precisa ter grandes conhecimentos mecânicos e nem vai poder resolver problemas sérios sozinho na estrada. Mesmo assim, é possível dar um jeito em algumas dificuldades pontuais para evitar ficar parado na rodovia. Ter alguns equipamentos básicos pode ajudar você a chegar até o próximo ponto de parada.

Respeite as leis de trânsito

Muitos problemas na estrada podiam ser extintos se todos praticassem a direção defensiva. Você, que é motorista profissional e tem experiência com as diversas situações enfrentadas em uma viagem, tem a responsabilidade de dirigir por si mesmo e pelos outros. Muitos motoristas são inexperientes e acabam causando riscos sem perceber.

Respeitar todas as leis de trânsito e estar atento às informações da rodovia é fundamental para uma boa prática. Lembre-se sempre que a legislação existe para proteger as pessoas e salvar vidas. Usar o cinto de segurança, andar na velocidade adequada e fazer apenas ultrapassagens responsáveis são atitudes que preservam a sua integridade e a de todos.

Outro ponto essencial é não ter distrações. A estrada precisa de toda a sua atenção. Perder-se em uma conversa muito animada, em excesso de cansaço ou em ligações telefônicas são atitudes perigosas, pois tiram a sua concentração. Nessas condições, seu tempo de reação é prejudicado e o risco de acidentes aumenta.

Tenha o apoio de uma proteção veicular

Por fim, para lidar bem com as diversas situações da estrada é importante se precaver além de si mesmo. Ainda que você tome todos os cuidados preventivos, nem sempre é possível fugir de perigos ou panes imprevistas. Para essas horas, a melhor solução é contar com apoio.

Quem trabalha em frotas provavelmente conta com o suporte da empresa e equipamentos modernos, como rastreadores. Para os motoristas que atuam de forma independente, entrar em uma cooperativa é uma ótima opção. Você protegerá seu caminhão e contará com vantagens como suporte à emergência 24h, assistência para reparo e cobertura contra roubo.

Como se preparar para enfrentar uma rota?

Acabamos de ver algumas dicas para lidar com situações da estrada. Mas há outros cuidados que você precisa ter antes de viajar. Assim, é possível rodar com mais segurança e evitar alguns dos riscos que apresentamos ao longo deste texto. Veja o que fazer:

Planeje a melhor rota

A sua viagem começa muito antes de você ligar o caminhão e acelerar. O planejamento da rota é a principal atitude preventiva em relação aos problemas de caminhoneiros. A maioria das dificuldades pode ser evitada ou minimizada com essa prática.

Na hora de planejar sua viagem fique atento à escolha das rodovias por onde vai trafegar. Prefira sempre ir por estradas conhecidas. Se fizer algum tempo que você não passa por alguma, informe-se sobre as condições atuais dela. Evite rodar por estradas com estrutura precária ou maior risco de assalto.

Além disso, programe bem as suas paradas e dê preferência por viajar durante o dia e descansar à noite. É importante pensar nas condições físicas: os hormônios do sono agem melhor no período noturno. Assim, trocar os horários não é a melhor opção — você terá mais dificuldade para dormir durante o dia e dirigir à noite.

Tenha atenção também com a carga que você levará. Conheça as condições de armazenamento e tome todos os cuidados necessários com ela. Lembre-se de estar com a documentação adequada para não ter problemas com a fiscalização de algum estado por onde for passar.

Mantenha a manutenção do caminhão em dia

Essa é outra prevenção importantíssima antes de pegar a estrada. Quem trabalha viajando precisa dar a devida importância para as manutenções preventivas. Elas podem evitar muitos problemas de caminhoneiros. Afinal, ninguém quer ficar parado na estrada por uma pane mecânica ou precisar interromper a viagem para consertar algo, não é mesmo?

Todos os gastos com o caminhão são investimentos. Tenha cuidado com o desgaste das peças e faça todas as revisões em dia. Além disso, observe o funcionamento dele antes de partir. Calibre todos os pneus, verifique se as luzes e o limpador de para-brisa estão em boas condições e cheque os níveis de água, óleo e combustível.

Esteja em boas condições físicas e mentais

Você só pode se preparar para fazer uma rota se estiver bem. Evite começar uma viagem se está se sentindo mal fisicamente ou com algum problema emocional (muito triste ou irritado, por exemplo). Esses estados afetam suas condições de dirigir e podem expor você a riscos desnecessários.

Aqui vale um reforço: dormir bem antes de viajar é essencial. O sono é um dos principais vilões na estrada. Muitos acidentes, inclusive com morte, poderiam ser evitados se as pessoas tomassem esse cuidado básico. Por isso, não force os seus limites. Certifique-se de estar descansado o suficiente para pegar a estrada.

Além do sono, cuide também da sua alimentação. Fazer refeições leves antes de viajar ajuda a evitar desconfortos e manter-se concentrado. Levar alimentos, como frutas e barras de cereal, é uma boa dica. Beber bastante água também é importante — a desidratação pode atrapalhar sua direção e causar problemas de saúde.

Como a tecnologia auxilia o dia a dia dos caminhoneiros?

A modernização dos caminhões e o uso da tecnologia nas viagens facilitou muito a vida dos motoristas, minimizando vários problemas de caminhoneiros. A partir desses avanços, os veículos ficaram mais confortáveis, a logística foi aperfeiçoada e o motorista passou a ter mais qualidade de vida. Veja algumas ferramentas que podem ajudar muito no seu dia a dia:

GPS

Esse equipamento já ganhou espaço certo na rotina do caminhoneiro. Planejar as rotas e realizar as viagens fica muito mais prático quando você pode contar com a tecnologia. O risco de se perder nas estradas é quase nulo. Além disso, o GPS também pode ser usado pelas empresas para acompanhar o trajeto do motorista e prestar suporte sempre que necessário.

Rastreadores

Essa tecnologia garante mais segurança para quem ganha a vida nas estradas brasileiras. O administrador de frotas pode controlar seus caminhões por meio de rastreadores ou pode também contratar o serviço de empresas especializadas. Ter esses equipamentos inibe roubos e furtos e, quando eles acontecem, permite recuperar a carga e o caminhão.

TruckPad

Esse é um aplicativo que você pode instalar no seu celular. O objetivo dele é oferecer cargas para caminhoneiros autônomos. Nele você vai ter contato com anúncios de frete e pode negociar diretamente com a pessoa que está querendo contratar seu serviço. O aplicativo também oferece outras funcionalidades, como serviços de apoio e compartilhamento de notícias.

SocialFuel

Esse é outro aplicativo muito interessante para o caminhoneiro. Ele mapeia os preços de combustíveis praticados em diversos postos pelo Brasil. Permitindo, assim, que você encontre o menor preço no trajeto que vai percorrer.

uCar

Nesse aplicativo você pode gerir os custos que tem com o seu caminhão. É possível registrar todos os gastos com manutenção, limpeza e abastecimento, por exemplo. Assim, você terá sempre à mão as estatísticas sobre o dinheiro que investe no seu negócio.

Neste post você tem um conteúdo completo sobre os principais problemas de caminhoneiros e as melhores formas de enfrentá-los. Essa, sem dúvida, não é uma profissão fácil. Ainda assim, é muito gratificante. Afinal, você não planeja deixar de curtir a liberdade da estrada tão cedo, não é mesmo? Seguindo as dicas que compartilhamos aqui você estará mais seguro e com melhores condições para dirigir e enfrentar as dificuldades da estrada.

Em pausa da estrada, caminhoneiros se encontram para churrasquinho em família

Em pausa da estrada, caminhoneiros se encontram para churrasquinho em família

Ontem, no estacionamento do Buffet Yotedy, era possível avistar dez caminhões parados. Tratava-se de um encontro do grupo de caminhoneiros Conexão Loucas Noites (CLN), formado por profissionais da estrada e por admiradores dessa profissão que é um estilo de vida. Mesmo com a chuva, cerca de 40 pessoas resistiram sob as árvores e com a churrasqueira recheada de espetinhos de carne dos mais diversos tipos. A alegria em ter uma pausa na rotina tão corrida de caminhoneiro, ao lado da família inteira, estava estampada nos rostos.

Churrasquinho rendeu bons papos entre os amigos.  (Foto: André Bittar)Churrasquinho rendeu bons papos entre os amigos. (Foto: André Bittar)

De acordo com o organizador do CLN, Gabriel Riva, de 18 anos, que pretende seguir carreira de caminhoneiro, essas reuniões acontecem de dois em dois meses. “Esse é nosso oitavo encontro”, diz. E o papo que rola entre a galera não podia ser outro além de, claro, caminhão, e as mais diversas pautas que derivam do tema.

Silvanei de Oliveira Queiroz, de 30 anos, e caminhoneiro há 9, agradece a presença da reportagem do Lado B incessantemente. “A gente é muito mau visto pela mídia. Somos chamados de drogados e, na verdade, não é bem assim. Eu sou pai de família e não uso nada, quase ninguém desse grupo usa, inclusive, por isso fico tão feliz de ver vocês aqui”, comenta.

Silvanei e o organizador do grupo, Gabriel Riva.  (Foto: André Bittar)Silvanei e o organizador do grupo, Gabriel Riva. (Foto: André Bittar)

A sua cristal -apelido pelo qual os caminhoneiros chamam suas mulheres-, Cristiane Silva dos Santos, acompanhava o marido na festa, junto dos dois filhos, que querem seguir a mesma carreira do pai. “Eu não gostaria que eles fossem caminhoneiros porque é uma profissão muito perigosa, sem apoio”.

Mas, de acordo com os presentes no churrasquinho, o “diesel está na veia”. “Se você for parar pra olhar, toda família tem pelo menos um caminhoneiro. As crianças crescem fascinadas pelo veículo então faz parte”, comenta Silvanei.

Dos mais atualizados aos mais antigos, cada um dos caminhões estacionados tem um nome próprio e, quase todos eles, são dos próprios profissionais, que trabalham de forma autônoma dentro do Mato Grosso do Sul. “Os da Mercedez a gente chama de Mula. O meu é o Verdinho, mas a gente tem aqui também o Taradão do Pantanal, o Beiço, outros tem o nome dos donos mesmo”, brincam.

Silvanei, o filho, Luís Eduardo e sua cristal, Cristiane Silva. (Foto: André Bittar)Silvanei, o filho, Luís Eduardo e sua cristal, Cristiane Silva. (Foto: André Bittar)

Os caminhões são todos estilizados da maneira que o seu dono escolhe. E mesmo que isso lhes rendam algumas injustas multas nos trajetos,compensa, segundo eles. “A gente passa mais tempo dentro dele do que dentro de casa, então tem que deixar do jeito mais confortável possível”, comentam.

Alguns acessórios proibidos, como os foguinhos, os letreiros, os insulfilmes escuros e adesivos no vidro dianteiro, continuam instalados nos veículos. Tem ate acessório pra antena com temática de mulher sensual. Vale usar da criatividade na hora de montar e de batizar o seu próprio caminhão.

Fonte: Campo Grande News

Rotina afeta saúde do caminhoneiro

Pesquisa realizada pela concessionária Rota do Oeste revela que 65% dos motoristas de caminhão apresentam circunferência abdominal maior que 94 cm; 35% apresentaram sobrepeso; 33% estão com colesterol acima de 200 mg/dl e 11% apresentaram glicemia acima de 140 mg/dl. Os dados, apurados em 2016, são referentes ao ano passado.

Há diversos outros estudos que relatam as péssimas condições ocupacionais dos motoristas e os prejuízos que isso traz para a saúde deles. Muitos não praticam atividades físicas, não fazem alongamento ou até mesmo comem no horário correto. Tudo isso resulta em maus hábitos, decorrentes da pressão pela entrega rápida de cargas em um tempo predeterminado.

Antônio Barbosa de Araújo, 43 anos, está há quatro anos praticando atividade física, quando dá. Quando ele não está na estrada, aproveita para jogar um futebol com os amigos, mas é só. “No mais, não pratico nenhuma atividade física”, e a alimentação também não é a correta. Tem dias que é feita na cozinha do caminhão e às vezes, “quando dá”, ele come em algum restaurante de beira de estrada.

Apesar dos hábitos, ele garante que não tem problemas de saúde, mas porque sempre faz um acompanhamento com o médico. “Sem a saúde nós não somos nada, então é importante cuidar. Muitos companheiros pensam que só trabalhar é o bastante e acabam prejudicando muito a saúde. No dia a dia, amanhã ele vai ter um retorno disso aí, pensa que ao dirigir tantas horas chega mais rápido até o local e acaba se prejudicando”.

Para essas pessoas, ele tem um aviso. “Pode ter certeza que essas pessoas que tomam alguma coisa mais pra frente serão prejudicadas e irão se arrepender. O serviço de caminhoneiro é bom, mas a saúde é melhor, então precisa se cuidar. É cuidar da saúde e depois pensar no trabalho”, aconselha.

Há 15 anos na estrada, João Fernandes, de 39 anos, afirma que a lei foi importante. “Melhorou muito depois que a lei passou a vigorar, até porque a lei te obrigou a parar. Hoje se você vai renovar uma habilitação tem o exame toxicológico, se você não estiver 100% beleza em termos de rodar à noite, sem tomar algum produto para tocar a noite, nem renovar você consegue”.

Ele se orgulha em dizer que não toma nenhum remédio ou faz uso de drogas e reforça que a saúde do caminhoneiro é “complicada”. “A gente não tem tempo de cuidar. A gente não tem hora pra se alimentar, tem dia que você consegue comer no horário, tem dia que você se alimenta fora de hora e tem dias que não dá nem para se alimentar. Então é muito complicado”, conta.

Nesse contexto, foi editada a Lei nº 12.619/2012, que estabelece limites de jornada e intervalos para repouso. Pelos limites, o motorista trabalha oito horas diárias e 44 semanais, com possibilidade de prorrogação por até duas horas extraordinárias. Direito ao pagamento de horas extras, direito ao adicional noturno, intervalo de descanso de no mínimo 11 horas a cada período de 24 horas, entre outros.

Mas, passados pouco menos de três anos da promulgação da Lei do Descanso, sobreveio a Lei nº 13.103/2015, introduzindo modificações. Agora as transportadoras são obrigadas a implementar o controle de jornada de trabalho, entre outras modificações.

Jornada controlada

Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado de Mato Grosso (Sindimat), Eleus Vieira de Amorim, a lei exige que o motorista tenha essa jornada de trabalho controlada, e isso é importante. “Ele, queira ou não, a jornada dele será controlada por lei federal. Se ele for flagrado em uma fiscalização da PRF descumprindo isso, ele é preso”.

Desse modo, o sindicato tem realizado palestras e eventos para instruir o empresário do transporte rodoviário para cumprir a lei, juntamente com os trabalhadores. “O sindicato patronal e o sindicato laboral têm feito um trabalho muito forte nesse sentido de estar fazendo a orientação para o trabalhador no cumprimento da lei” completou.

Menos de 2% dos motoristas foram reprovados em exame toxicológico

De acordo com Eleus Vieira de Amorim, presidente do Sindimat, após a aplicação da lei os motoristas do transporte rodoviário e de carga reprovados nos exames toxicológicos são menos de 2%.

“No primeiro momento, quando saiu a lei, nós estávamos muito preocupados porque tínhamos as informações de que o número de motoristas que usavam algum tipo de droga era muito alto, mas na realidade na comprovação do dia a dia a gente tem verificado, até agora menos de 2%”, pontuou.

Para ele, o estímulo com campanhas que mostram ao trabalhador o efeito que a droga provoca sobre ele e o veículo chama a atenção para a responsabilidade de não fazer uso dela. “Hoje o empresário do transporte rodoviário tem sido chamado a essa responsabilidade de instruir o seu motorista, e ele tem feito isso. Acredito que isso tem dado um resultado muito positivo e por isso esse número (2%)”.

Eleus aponta que tem motorista que tem trabalhado com a pressão ao extremo, pronto para ter um infarto. Sabendo disso, o sindicato, junto ao Sest-Senat (Serviço Social de Trabalho e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), oferece aos seus filiados planos de saúde e lazer para o trabalhador e família.

Na área médica, o caminhoneiro tem os benefícios: clínica geral, fisioterapia e psicólogo. Também conta com a área odontológica: prevenção, diagnósticos, dentística e radiologia. No lazer, eles podem fazer natação, hidroginástica, futebol de campo e salão, artes marciais, voleibol, ginástica aeróbica e localizada.

“Além disso, O Sindimat está preparando para agosto ou setembro o lançamento do programa Fadiga Zero em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da saúde dos trabalhadores por completo. Estamos começando essa campanha para tratar a alimentação, controle da jornada de trabalho, postura ao dirigir o caminhão”, contou ao Circuito Mato Grosso.

De acordo com o gerente Administrativo e de Sustentabilidade da Rota do Oeste, Pedro Ely, ou eles realmente não utilizam nenhum tipo de substância ilícita ou há certa restrição para assumir isso.

“Nós realizamos um questionamento informando que o nome deles nunca será divulgado, mas há um registro muito baixo de pessoas que utilizam algum tipo de substância. Não posso afirmar se é por causa da Lei dos Caminhoneiros que restringiu a direção continuada ou pelo fato de realmente ter reduzido”, explicou.

Acidentes reduziram em 14% com lei e ganhos

Há cinco anos, o trabalho dos caminhoneiros, um dos mais exigentes no que se diz respeito à necessidade de boas condições físicas e mentais, ganhou um reforço com a Lei 12.619 de 2012, popularmente chamada Lei do Caminhoneiro.

Em Mato Grosso, o número de acidentes envolvendo caminhões que trafegam na BR-163 caiu 14% em 2016. Os dados da Rota do Oeste apontam que, com relação às ocorrências envolvendo caminhoneiros, de 1º de janeiro a 30 de novembro de 2016, o número caiu de 2.017 registros em 2015 para 1.729 em 2016.

As principais reduções foram relacionadas a ocorrências de capotamentos (92%), colisões laterais (30%), tombamentos (19%) e engavetamentos (13%). Os motoristas profissionais são os principais usuários da rodovia federal em Mato Grosso, que tem mais de 60% do tráfego formado por veículos pesados.

“A gente não consegue dizer se foi por causa disso [lei] ou porque existem outras diversas atividades acontecendo. A melhoria do pavimento, a realização de obras para a rodovia”, disse Pedro Ely.

Anteriormente os motoristas não eram sujeitos a controle de horários. Com isso não eram pagas horas extras e não havia intervalos de descanso. Mas o problema não era só uma questão financeira, mas também um problema de saúde do caminhoneiro e de segurança na estrada.

Parada Legal – programa Rota do Oeste

O programa Parada Legal, da Rota do Oeste, destinado a motoristas profissionais, é organizado pela Concessionária Rota do Oeste em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Neste ano, a edição realizada em Cuiabá entre os dias 3 a 5 de maio atendeu 1.361 motoristas e marcou a abertura das ações do Maio Amarelo, movimento internacional que busca sensibilizar a sociedade sobre o alto índice de mortos e feridos no trânsito.

O foco do programa é a saúde e o bem-estar dos caminhoneiros, principal usuário da BR-163 e 364. O Parada Legal disponibilizou gratuitamente exames clínicos como eletrocardiograma, de visão, aferição de pressão, consulta psicológica, testes de estresse e de glicemia.

Os participantes também têm a oportunidade de receber massagem, consultar a situação de sua carteira de motorista e assistir a palestras educativas sobre o trânsito ministradas por uma equipe da PRF. Todos os serviços são realizados por meio de parcerias.

Segundo dados da Rota do Oeste, em 2016 foram 2.173 motoristas atendidos em três edições do Parada Legal. Em 2015, foram 2.511 motoristas atendidos e em 2014, 1.209 motoristas.

Maio Amarelo

O movimento busca colocar em evidência o tema segurança viária, mobilizando toda a sociedade, Poder Público e iniciativa privada. O tema deste ano é “Minha Escolha Faz a Diferença” e 640 caminhoneiros participaram das ações em Mato Grosso.

Marcado por um laço amarelo, o movimento tem como foco promover atividades voltadas à conscientização, ao amplo debate das responsabilidades e à avaliação de riscos sobre o comportamento de cada cidadão, em seus deslocamentos diários no trânsito.