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Obrigatoriedade de exame toxicológico reduz em 38% acidentes nas estradas

A obrigatoriedade do exame toxicológico para motoristas profissionais, implantada há apenas seis meses, já conseguiu reduzir em mais de 38% o número de acidentes nas estradas federais de todo o país. A medida também fez com que mais de 230 mil motoristas profissionais mudassem de categoria ou não renovassem sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Os dados foram divulgados pelo Instituto de Tecnologia para o Trânsito Seguro (ITTS), que promoveu hoje (24), no prédio da Bolsa de Valores, no Rio, o seminário “A Importância do exame toxicológico preventivo para a segurança do trânsito”, quando apresentou balanço sobre os seis meses da obrigatoriedade do exame.

Nestes seis meses de vigência da lei, foram testados cerca de 650 mil profissionais no país. Apenas profissionais do Tocantins e de Mato Grosso do Sul não estão fazendo os exames, resguardados por liminares. A taxa de positividade ficou em torno dos 9% para os motoristas candidados a emprego em regime de CLT (Confederação das Lei do Trabalho) e em 2,5% para os motoristas que renovaram suas carteiras de habilitação.

Segundo o instituto, neste último grupo, o baixo índice está diretamente relacionado ao fato de que mais de 33% dos condutores profissionais não renovaram suas carteiras ou migraram para categorias em que o exame não é exigido.

Para o presidente do instituto, Márcio Liberbaum, é razoável concluir que parte significativa desses motoristas que evitaram o exame do fio de cabelo seja de usuário regular de drogas e que permanece dirigindo profissionalmente sem a carteira de habilitação compatível, burlando a fiscalização, sem o documento renovado.

“Os primeiros resultados demonstram o grande acerto do legislador brasileiro ao implantar a lei. Tivemos mudança de comportamento de 1/3 dos 12 milhões de motoristas profissionais do país. Em apenas seis meses, 33,4% dos motoristas não renovaram as carteiras e 11% deles migraram para as categorias A e B. Mas é significativo que 24% simplesmente não renovaram”.

Em entrevista à Agência Brasil, Liberbaum ressaltou o fato de que, “se for levado em consideração este percentual projetado para a totalidade dos motoristas profissionais do país, mais de 2,5 milhões deles ficariam sem a renovação da carteira, se todos os exames já tivessem sido realizados a um só tempo”.

O que se pode imaginar, segundo ele, é que “haja uma positividade escondida de 25%, uma vez que todas as etapas anteriores à implantação do calendário legal do exame, em que fomos às ruas buscar conhecer a taxa de positividade nos motoristas profissionais, ela variava entre 15% e 33% de positividade”.

Polícia Federal

Estudo desenvolvido em paralelo pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) constatou que, de março a julho deste ano, comparativamente a igual período do ano passado, o número de acidentes envolvendo caminhões nas estradas federais do país diminuiu de 18 mil para 11 mil, o que dá uma redução de 38%.

“A gente sabe que a positividade no país é alta, até porque os motoristas não se drogam por lazer, mas, sim, para cumprir o tempo de jornada de trabalho, imposta pelos donos das frotas de caminhões – que é própria de regime escravagista. E isso tem que acabar”, disse o presidente do Instituto de Tecnologia para o Trânsito Seguro.

Para ele, a eficácia da lei é “absolutamente inequívoca” e muito bem demonstrada com essa fuga da renovação ou da classificação por categoria. “Essa positividade escondida vai ser pedagógica para os 90% dos motoristas que ainda não fizeram o exame. Eles vão perceber que têm que mudar de comportamento, se quiserem continuar a exercer a sua profissão.”

“É a pedagogia constatada nesta grande fuga que vai fazer com que os motoristas se preparem antes, buscando largar a droga, para voltar ao exercício da profissão sem problema”.

Ainda em sua avaliação, “mais eficaz do que reduzir a jornada do trabalho por lei é retirar do motorista a possibilidade de fazer uso do recurso que dá ao corpo a capacidade de cumprir este tempo de jornada sobre-humano que vinha sendo imposto aos caminhoneiros”.

Exame Toxicológico

A obrigatoriedade do exame toxicológico para motoristas com CNH nas categorias C, D e E tornou-se uma norma pela Lei Federal 13.103/15 já devidamente regulamentada pelo (Conselho Nacional de Trânsito (Contran e pelo Ministério do Trabalho. Ela passou a valer de 2 de março deste ano para a emissão e renovação da CNH, na pré-admissão e no desligamento de motoristas profissionais de todo o país.

Sua adoção foi a primeira medida para combater o uso de drogas por condutores, desde que o Código de Trânsito Brasileiro entrou em vigor, em janeiro de 1998. Ela define que o motorista faça uma renovação da carteira de 60 em 60 meses meses, determinação essa que vai cair para 30 meses em 2018.

Para Fernando Dinis, presidente da ONG Trânsito Amigo (que perdeu um filho em um acidente de carro e hoje luta pela melhoria das condições de trânsito no país), o teste Larga a Janela, como é chamado o exame toxicológico, provou ser o mais eficiente em vigência no país. Dinis perdeu um filho em acidente de carro e hoje luta pela melhoria das condições de trânsito no país. Na opinião dele, o exame consegue “positivar” se o motorista profissional fez uso de substâncias psicoativas em um período de 120 a 180 dias, o que é completamente incompatível com a sua atividades profissional.

“Na minha opinião, a opinião de um pai que perdeu um filho em acidente de trânsito, o exame é tão importante que deveria ser estendido a todas as categorias de motoristas. As pessoas colocaram muito o foco na Lei Seca, voltada exclusivamente para o álcool, principalmente nas grandes cidades. Mas esquecem que a frota dos caminhões de veículos pesados representa 4% da frota nacional veicular, embora responda por quase 40% dos acidentes com vítimas fatais no país”.

Para Dinis, é preciso lembrar que quem usa droga para prorrogar sua capacidade de dirigir, transportando carga nas estradas, é um motorista profissional e está dirigindo uma carreta de 50, 60 toneladas de grãos. “Ele dirige muitas vezes por três, quatro dias sem dormir, para atingir a sua meta por um frete maior. E quando colidi com outro motorista morrem ambos, porque estão na mesma altura. Mas quando a colisão se dá com um carro de passeio, trazendo uma família, isso passa a ser um extermínio”.

Trânsito que mata

No Brasil, a cada hora, cinco pessoas morrem vítimas de acidentes de trânsito e 59 ficam inválidas. Em 2015, segundo dados da Polícia Federal, levantados para um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o trânsito matou 42,5 mil pessoas, deixando 515,7 mil feridos graves. Esses números dão ao Brasil a medalha de bronze da violência no trânsito, ficando apenas atrás da China e da Índia. Nas estradas federais, os veículos pesados, que respondem por apenas 4% da frota nacional, estão envolvidos em 51% dos acidentes fatais, dos quais 43% envolvem caminhões e 8% ônibus.

O estudo comprovou que estes números elevados são consequência de uma combinação fatal: fadiga, jornadas excessivas e uso de drogas por parte dos motoristas profissionais.

Fonte: Blog do Caminhoneiro

Projeto obriga governo a pagar exame toxicológico de motoristas

A Câmara dos Deputados analisa proposta que obriga a União custear os exames toxicológicos exigidos de motoristas profissionais para detectar o uso de álcool ou drogas. O exame passou a ser obrigatório em todo o País a partir de 2 de março deste ano, com a aprovação da Lei 13.103/15.
A realização do exame, segundo a lei, é condição para a emissão e a renovação da Carteira de Habilitação e também para admissão e demissão de motoristas profissionais.
Autor da proposta (PL 4848/16), o deputado suplente José Augusto Curvo (PSD-MT) argumenta que, diante da falta de laboratórios credenciados e aptos a realizar os exames, não pode o Ministério do Trabalho utilizá-los como requisito para admissões e demissões no setor.
“São mais de 60,7 milhões de motoristas brasileiros. Se contarmos que pelo menos 20%destes motoristas estão habilitados nas categorias profissionais (C, D ou E), teremos mais de 12 milhões de exames na fila de espera”, diz Curvo.
O autor lembra ainda que em 2015 ocorreram diversas paralisações no setor de transporte, com transportadoras e os motoristas profissionais alegando que não tem como absorver mais esse custo. “Como essa é uma exigência do Estado, que este arque com o valor dos gastos para realização do pretendido exame”, sustenta Curvo.
Tramitação
O projeto tem caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Turismo; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

MTE afirma que motorista com exame toxicológico positivo pode ser demitido

Em resposta a ofício, órgão afirma que resultado positivo de exame toxicológico de motoristas profissionais poderá permitir demissão de funcionário.
O Ministério do Trabalho, em resposta ao ofício nº 180/2016 enviado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), afirmou que “o exame toxicológico de motoristas profissionais não é parte integrante do Programa de Controle Médico de Saúde Operacional (PCMSO), permitindo a dispensa do empregado mesmo com o exame retornando resultado positivo”.
A justificativa da afirmação é de que a Lei nº 13.103, de 2 de março de 2015, não caracterizou este exame como sendo de aptidão para o exercício das atividades profissionais.
O ofício e as “Perguntas e Respostas” encaminhadas junto ao ofício estão disponíveis na página de Segurança e Saúde no Trabalho, do Ministério do Trabalho, no link de acesso a informações sobre “Exames Toxicológicos”.

Governo vai reforçar fiscalização sobre lei dos motoristas de caminhão

Depois de uma reunião nesta terça-feira (28) com o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, e representantes do Comando Nacional do Transporte (CNT), o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, anunciou que a pasta vai reforçar a fiscalização da jornada de trabalho dos motoristas profissionais de transporte de cargas.

“Vamos planejar mais ações integradas com a Polícia Rodoviária Federal”, ressaltou o ministro, lembrando que o órgão participa de um grupo móvel que fiscaliza o cumprimento da legislação. Ronaldo Nogueira ressaltou que o cumprimento da jornada é vital para a segurança nas estradas do País.

A chamada Lei dos Caminhoneiros, sancionada em 2015, estabelece o trabalho diário de motoristas profissionais de até 12 horas, sendo duas extras e duas definidas em acordo coletivo.

“Em muitos casos, os motoristas continuam ultrapassando 16 horas de trabalho sem parada. Não se trata da falta de pontos de parada, mas de desrespeito às regras”, relataram Ivar Luiz Schmidt, Fábio Luis Roque e Sícero Teodoro, da direção do Conselho.

Os representantes da CNT também solicitaram que o exame toxicológico para os motoristas seja custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Junto ao ministro Ronaldo, vamos conversar com o Ministério da Saúde, a quem compete analisar esse pedido”, afirmou o ministro Osmar Terra.

Propostas e alternativas serão estudadas e analisadas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho para depois serem convertidas em medidas efetivas.

Fonte: Blog do Caminhoneiro

Exames toxicológicos evitam mesmo acidentes?

Vigente desde o início do ano, a obrigatoriedade do exame toxicológico para motoristas de ônibus e caminhões foi barrada em parte do país após questionamentos de entidades ligadas ao trânsito e associações médicas.

Conforme determina a lei 13.103 de 2015, desde janeiro motoristas precisam fazer exames que detectam o uso contínuo de drogas nos últimos 90 dias para tirar ou renovar carteiras de motorista nas categorias C (caminhões), D (ônibus) e E (veículos com reboque acoplado).

Além disso, o teste também é exigido em processos admissionais e demissionais nas empresas para as quais esses motoristas trabalham.

Entre os argumentos para a exigência está a alta incidência do uso de drogas em profissionais desses setores, que procuram se manter acordados para trabalharem por mais horas, já que ganham por produtividade. Essa prática pode causar acidentes em estradas, diz Marcello Santos, presidente da Abratox (Associação Brasileira de Laboratórios Toxicológicos), que pressionou pela aprovação da lei.

Para Rafaela Gigliotti, delegada responsável pelo Detran em Minas, não é bem assim. “Não existe comprovação científica de que reduz acidentes porque o exame detecta o uso de drogas nos 90 dias que antecedem e, para a fiscalização, o que é importa é o momento da condução do veículo”, diz.

A AND (Associação Nacional dos Detrans) tenta reverter a exigência no STF. A FetcesAp (Federação das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo) também questiona a regra.

A federação afirma que o exame é caro (de R$ 250 a R$ 350, segundo a Abratox), e que o custo deveria ser absorvido pelo Estado. Além disso, argumenta que não há necessidade de realizá-lo no momento da demissão. A entidade também questiona a logística: ainda que haja uma rede de coleta de material para o exame, só seis laboratórios no Brasil o fazem.

A CNTTT (Confederação Nacional dos Trabalhadores de Transportes Terrestres) também entrou com ações para derrubar a lei no STF. Para o consultor da entidade Luis Festino, é preciso combater as causas do uso de drogas. “Precisamos solucionar a questão da jornada de trabalho, qualidade de rodovias, pedágios, infraestrutura para descansar”, afirma.

Ceticismo

Sequer o Denatran, que regula o setor, sustenta o exame de maneira enfática.

“Antes da edição da lei, eu fazia alguns reparos à exigência”, diz o diretor do departamento, Alberto Angerami. “Me pronunciei várias vezes defendendo que o exame deveria ser feito no momento da fiscalização nas estradas, porque seria mais eficaz para reduzir acidentes. Agora, depois de promulgada, como agente público, não posso deixar de cumpri-la”, afirma.

Também se posicionam contrárias à medida entidades médicas como a Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).

Propensão

Presidente da Abratox e diretor de um dos seis laboratórios que fazem o exame no país, Marcello Santos discorda dos argumentos. Segundo ele, o número de pontos de coletas tem se expandido, e as empresas têm “capacidade de sobra” para atender o mercado. Mas a principal questão, diz, é a capacidade de reduzir acidentes nas estradas.

“O teste é importante para estabelecer um perfil. Se um indivíduo é usuário contumaz de drogas, é possível supor que ele tenha propensão a usá-las mesmo durante sua jornada de trabalho”, diz. Ele cita, como exemplos, a obrigatoriedade do exame na aviação civil e em concursos públicos para policiais militares, civis e federais.

Embora seja presidente da AND, que questiona a exigência no STF, Marcos Traad, diretor do Detran do Paraná, se diz a favor do exame. “Fui voto vencido na AND. Se acontece um acidente com um ônibus, todos morrem e depois descobre-se que o motorista tinha usado drogas e existe um exame, não poderia ter sido evitado?”, afirma.

Fonte: Blog do Caminhoneiro

 

Economia puxa para baixo movimento de caminhões em estradas

O volume de veículos pesados que circularam pelas estradas brasileiras concedidas registrou redução de 2,6% em maio em relação a abril. Os dados são da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), que também apontou recuo de 0,4% no fluxo de veículos leves na mesma base de comparação.

“O desempenho ligeiramente positivo do fluxo de leves na comparação mensal ocorre a despeito do cenário ainda muito adverso que se observa nas principais variáveis do mercado de trabalho, como aumento de taxa de desemprego, redução de vagas com carteira assinada na economia e queda dos salários”, afirma Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria. “Sobre o fluxo de pesados, a queda em maio é um sinal de que o PIB pode registrar nova contração no segundo trimestre, o que é condizente com o quadro de deterioração do emprego e das condições de crédito sobre o consumo e das incertezas sobre os investimentos”, destaca.

Com relação a maio do ano passado, o fluxo de veículos pesados apresenta mais uma vez o pior índice, com recuo e 5,9%. Já o total de veículos leves foi 2,5% menor. E o índice total reduziu 3,3%. No período acumulado dos últimos doze meses, o fluxo de veículos nas rodovias pedagiadas recuou 2,2%. Considerando essa mesma base de comparação, o fluxo de veículos leves e pesados registraram queda de 1,0% e 5,5%, respectivamente.

No acumulado do ano (Jan-Mai/16 sobre Jan-Mai/2015), o fluxo pedagiado apresentou queda de 2,5%. O fluxo de veículos leves recuou 1,6%, enquanto o fluxo de pesados apresentou queda mais expressiva, de 5,1%.

Fonte: Blog do Caminhoneiro

Caminhoneiro perde emprego por resultado falso-positivo em exame toxicológico

Um erro no exame toxicológico – o popular exame do fio de cabelo – exigido para renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) custou o emprego do motorista Charles Wagner de Carvalho Vieira, 50 anos, que está sem poder trabalhar desde 14 de março. O teste é obrigatório para motoristas das categorias C, D e E da CNH desde o dia 2 do mesmo mês, em cumprimento à lei federal 13.103. Diante da análise positiva para uso de cocaína, Charles exigiu a contraprova, cujo resultado deu negativo.

Nesse meio tempo, foi demitido da transportadora onde trabalhava. Ele está processando o laboratório pelo dano sofrido. De acordo com o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), este foi o primeiro caso em mais de 15 mil processos em que a prova e a contraprova apresentaram conclusões divergentes.

Sem renda

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Charles se mudou para Piraquara no começo de março, com esposa e dois filhos, vindo de Alagoas, após conseguir emprego em Curitiba. No Nordeste, trabalhava como motorista autônomo com sua carreta particular, mas a crise o levou a procurar um serviço fixo. No dia 14 do mesmo mês, sua CNH venceu, e ele apertou o orçamento para pagar os R$ 350 do exame toxicológico.

“Quando fui levar o resultado para a médica do Detran e ela disse que deu positivo para cocaína, fiquei desesperado, pensei: ‘não é possível um negócio desses’. Eu não uso droga, não tomo remédio de tarja preta nem nada. Aí pedi para passar pela junta médica do Detran e fui atrás do laboratório”, conta.

Em contato com o laboratório Sodré, que fica em Marília (SP), Charles foi informado que teria de pagar novamente para que a contraprova fosse realizada. “Eu liguei e falei ‘pelo amor de Deus, eu pago aluguel, não tenho dinheiro, eu vou pra São Paulo acampar na porta de vocês’. Só não paguei a contraprova porque briguei com eles. Foi uma humilhação.” O segundo exame, com resultado negativo, será analisado hoje (1º) pela junta médica do Detran, e só daqui a uma semana Charles receberá a nova carteira e poderá voltar a trabalhar.

Sem trabalho

“Meu patrão me demitiu porque ele não podia ficar me pagando sem eu trabalhar, com carteira vencida. O antigo emprego já era, já botaram outro no meu lugar”, lamenta Charles. Há mais de dois meses sem renda, ele está numa situação financeira complicada. “Quero divulgar o meu caso porque sei que mais pessoas estão tendo problema”, justifica. O laboratório foi procurado pela reportagem, mas não deu retorno até o fechamento desta edição.

Quanto ao antigo trabalho de Charles, juridicamente não há nada que se possa fazer, de acordo com o secretário de negociações do departamento jurídico da Federação dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Fetropar), Jaceguai Teixeira. “Não tem como exigir nada ainda, a única coisa que dá pra fazer é processar o laboratório. Essa é uma lei recente, que pegou todo mundo de calça curta. Nós estamos entrando com uma ação pra ver se derrubamos ou modificamos essa lei, vários trabalhadores estão perdendo o emprego por causa dela. Além de tudo, o exame tem um custo muito alto”, diz.

Como proceder?

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O coordenador de habilitação do Detran-PR, Farid Gelasco, explica que o órgão não tem nenhum controle sobre o resultado dos exames toxicológicos, que são sigilosos. Segundo ele, o laboratório lança o laudo diretamente na plataforma do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), e o médico do Detran somente tem acesso a ele durante o exame de aptidão física e mental (o popular exame de vista).

“Se o candidato não concorda com o resultado do exame toxicológico, de aptidão física e mental ou psicológico, ele tem direito de passar por uma junta médica do próprio Detran, que tem autonomia para alterar o resultado do exame anterior diante de uma contraprova”, explica. Para a segunda análise, não há outra coleta de material. O novo exame toxicológico é realizado com uma amostra reserva, que é colhida justamente para casos de contestação de resultado.

O coordenador explica que o caso de Charles teria sido resolvido com mais rapidez se ele houvesse solicitado a contraprova ao laboratório antes de comparecer ao exame de vista. “Antes de apresentar um resultado com o qual você não concorda, peça a contraprova, não precisa apresentar um laudo equivocado para a gente.” O que contribuiu para a demora foi a questão da junta médica, marcada para 18 dias após a solicitação do motorista. Segundo o órgão, caso Charles não houvesse comparecido ao exame de vista com o resultado errado, não teria sido considerado inapto, e sua carteira seria liberada diante da apresentação da contraprova negativa.

Único caso

Desde o dia 2 de março, o Detran-PR já registrou 15.195 processos de habilitação com exame toxicológico. Apenas 45 foram considerados inaptos. “Desses 45, sabemos extraoficialmente que 12 pediram contraprova. Somente o Charles teve o segundo resultado negativo após o primeiro resultado positivo”, conta o coordenador de habilitação, Farid Gelasco. A orientação do Detran é que os motoristas iniciem o processo de renovação da carteira de 45 a 60 dias antes do vencimento, para não terem tanto prejuízo em caso de equívocos e problemas.

Fonte: Blog do Caminhoneiro