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Com bolo, motoristas ‘comemoram’ aniversário de buraco em rodovia

Com bolo, balões e refrigerante, motoristas e colonos “comemoraram” o aniversário de um buraco no km 64 da BR-364, em Acrelândia. O protesto sarcástico contou com a presença de ao menos 100 pessoas e durou 30 minutos, segundo o radialista Nesio Carvalho, um dos organizadores. Segundo ele, o buraco existe há cinco anos e o objetivo é chamar a atenção das autoridades para que resolvam a situação que causa transtornos diários a quem passa no local.

Ao G1, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que o buraco deve existir no máximo há dois anos, pois até abril de 2016 o órgão tinha um contrato com uma empresa de manutenção e o trecho não possuía nenhum buraco.

O Dnit diz que assinou um novo contrato para o trecho de Rio Branco até a divisa com Rondônia. Porém, foi priorizado a manutenção da rodovia da capital acreana até o Trevo das Quatro Bocas, onde há o encontro da BR-364 e da BR-317. O supervisor do órgão no Acre, Thiago Caetano, diz que a expectativa é que o trecho em Acrelândia seja renovado até o final de abril ou início de maio.

“Infelizmente, a gente não conseguiu recuperar aquele trecho próximo à Acrelândia devido à falta de recursos. Agora, com a virada do ano, conseguimos um aporte de recursos maior e destinamos um valor maior para esse contrato e a empresa está programando a manutenção no local. Isso só não vai ser feito de imediato devido ao período de chuvas. Se fizermos o serviço nesse momento, vamos acabar perdendo tudo e desperdiçar dinheiro”, explica.

Motoristas dizem que buraco existe no local há cinco anos; Dnit diz que buraco deve existir há no máximo dois anos (Foto: Nesio Carvalho/Arquivo Pessoal)Motoristas dizem que buraco existe no local há cinco anos; Dnit diz que buraco deve existir há no máximo dois anos (Foto: Nesio Carvalho/Arquivo Pessoal)

Transtornos
O radialista relata que o buraco causa vários transtornos aos motoristas como estouro de pneus, desalinhamento dos carros, aumento no consumo de combustível, atraso nas viagens e gastos com quebra de pára-choques e até sistema de freios. Carvalho diz que no local já houve capotamentos com vítimas fatais. Com a festa de aniversário, os manifestantes gastaram R$ 200 com a comida e guardanapos.

“A empresa que fez o recapeamento deixou buracos e os motoristas que não conhecem a estrada acabam caindo. Não causamos transtornos, fomos ao local, enchemos os balões e convidamos as pessoas para partir o bolo. Queremos mostrar aos administradores que não suportamos mais pagar tantos impostos para ver a rodovia abandonada”, finaliza.

Fonte: G1

Estradas ruins deixam frete mais caro para escoar produção de soja em GO

O agricultor de Goiás deve colher nesta safra mais de dez milhões de toneladas de soja, mas escoar a produção é um desafio já que várias rodovias estão em péssimas condições.

Em uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte, no fim do ano passado, duas estradas de Goiás apareceram na lista das dez piores do país, a GO-174 entre Rio Verde e Iporá e a BR-158 no trecho entre Jataí e Piranhas. Elas são utilizadas principalmente para o escoamento de produtos agrícolas.

Por conta da situação ruim das estradas, os produtores rurais já estão pagando mais caro pelo transporte dos grãos que estão sendo colhidos na lavoura para serem levados para os armazéns. Isso por que quem trabalha com o transporte, já faz o frete há muito tempo sabe que fazer a manutenção de um caminhão é cara.

Como no campo tempo é dinheiro, os produtores estão no corre-corre para encaminhar a produção Para os armazéns e pras industrias. O agricultor Atílio Gorgem planta soja em Jataí há mais de 30 anos. Ele diz que o custo com o transporte, que antes não chegava a 3% dos gastos com a produção, agora já chega a 15% .

O agricultor conta que 40% do que é produzido na fazenda é transportado por caminhões próprios, o restante ele precisa contratar terceiros. Só que não tá fácil encontrar quem se arrisque pelas estradas esburacadas. “Você tem fazer jogo de cintura para encontrar alguém”, conta Atílio.

A Agência Goiana de Transportes e Obras informou, em nota, que vai fazer os serviços de reparos nas rodovias estaduais mostradas na reportagem. Em relação a BR-158, que é federal, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes disse que a rodovia já está recebendo o serviço de manutenção.

23,5% da sinalização das estradas em AL estão regulares, ruins ou péssimas

Um estudo elaborado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) verificou que 23,5% das rodovias federais que cruzam o estado de Alagoas estão com sinalização regular, ruim ou péssima.

As informações são do Anuário CNT do Transporte 2016, que considera 757 quilômetros de BRs e expõe dados referentes ao ano de 2015. Confira aqui o relatório na íntegra.

Ainda diante das condições da sinalização das vias em Alagoas, o relatório revela que apenas 12,3% da sinalização das rodovias do estado estão em condições consideradas ótimas em Alagoas; e que 64,3% em patamar de adequação considerado bom.
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Pavimentação
Quanto a condição da pavimentação das rodovias que cruzam o estado o relatório do anuário da CNT expõe que 59,8% das estradas estão em ótimas condições.

Com isso, o estudo revela que 23,3% das vias estão em boas condições; enquanto 13% do pavimento das rodovias estão em situação regular ou ruim .
Conservação
Quanto ao estado de conservação geral das estradas o estudo aponta que em Alagoas apenas 7,7% possuem ótimas condições; 71,1% delas estão em boas condições e 21,3% estão em situação regular e ruim.

Fonte: G1

Governo toma medida para diminuir número de obras paradas

O governo tomou medidas para diminuir o número de obras paradas e facilitar a conclusão de projetos executados por meio de convênios e contratos de repasse. Segundo o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, as regras que definem os adiantamentos de recursos foram alteradas.

A nova norma estabelece que o repasse antes do início das obras caia de 50% do valor total do empreendimento para 20%. Esse adiantamento só será feito após a homologação da licitação. O ministério explicou que essa regra diminui o volume de dinheiro parado e torna maior a disponibilidade de recursos.

Entre outras normas, a portaria determina também a devolução de recursos quando não houver início da execução das obras ou serviço em até 180 dias após a liberação do dinheiro. Se a obra for paralisada por 180 dias, os recursos também deverão ser devolvidos.

A portaria ainda facilitada a fiscalização de obras de menor porte e aprimora o controle delas via internet, essas obras classificadas como de menor porte são as que tiverem valores entre R$ 250 mil e R$ 750 mil.

Fonte: Frota e Cia

Conheça a pior estrada do Brasil, onde acidentes e prejuízos são rotina

Uma gota de suor escorre pelo rosto do borracheiro João Marciano, o Gauchinho, enquanto ele dá mais uma batida com um martelo para tirar a roda de um caminhão parado em sua loja em Placas, último povoado do Oeste da Bahia.

A roda sai do eixo após uma última puxada. O pneu está destruído.

“Esse já era. Vai pra pilha”, lamenta Gauchinho ao informar o caminhoneiro Rafael Balan, que até observa a cena conformado.

O pneu de R$ 1.400 vai para uma área na lateral da loja que, um mês atrás, estava limpa e agora tem outros 30 pneus amontoados à beira da BA-460, uma das vias que liga a região ao Tocantins.

O trecho faz parte de uma rota de 262 quilômetros que é considerada a pior estrada do país entre os 109 principais corredores de tráfego no país, segundo pesquisa anual da CNT (Confederação Nacional dos Transportes).

Velha, perigosa, sem sinalização, com curvas fechadas, pontes estreitas e com buracos e ondulações em quantidade significativa, a ligação viária entre as cidades de Luis Eduardo Magalhães (BA) e Natividade (TO) fez o caminhoneiro Rafael Balan perder tudo o que ganharia no frete.

É um pequeno pedaço da conta que colabora para o país a desperdiçar todo ano R$ 2,3 bilhões pela má qualidade das vias asfaltadas, segundo estimativa da CNT.

O mau estado da via leva a perdas financeiras -na estimativa da confederação, cada caminhão que passa nesse trecho gasta 48% mais do que gastaria numa estrada boa- e também de vidas.


Foram 110 acidentes em 2014, com 12 mortes, colaborando com a estimativa de 44 mil mortes anuais no trânsito no Brasil.

“Morre mais gente aqui em estradas que em países em guerra”, diz Bruno Batista, diretor executivo da CNT, que estima um custo de R$ 187 milhões para recuperar esse trecho percorrido pela reportagem.

Velocidade

De acordo com dados de uma pesquisa da consultoria Bain & Company, o país tem apenas 14 mil quilômetros de estrada realmente de qualidade, vias de mão dupla, com acostamento e sinalização, chamadas de autoestradas. Isso significa menos de um décimo do total de vias americanas e chinesas nessa condição, outros dois países com grandes territórios.

Para dirigir na pior estrada do Brasil, os caminhoneiros contam que precisam andar em baixa velocidade por vários quilômetros. Estão sujeitos a freadas bruscas a qualquer momento, fazendo com que o consumo chegue em média a 1,4 quilômetros por litro – é possível fazer até 2,2 quilômetros por litro numa estrada de boa qualidade.

As freadas podem acontecer a qualquer momento já que são raras as placas na rodovia.

Num trecho da TO-040, próximo à cidade de Bom Jardim, uma descida termina com um trevo com duas curvas em 90 graus. Sem qualquer sinalização, as opções para quem não conhece são a freada brusca ou a passagem em linha reta diretamente para dentro do terreno do comerciante Genivaldo Oliveira de Araújo.

“Tem dia aqui que a gente tira um caminhão debaixo do outro”, relata o dono da pequena mercearia à beira da estrada.

Há 18 anos morando ali, Genivaldo diz que nunca viu a estrada ter uma conservação adequada. Nos últimos cinco anos, o trecho esteve sempre classificado entre as cinco piores, embora o governo do Tocantins diga que as vias receberam melhorias e estão “em bom estado”.

As melhorias, na verdade, são remendos nos buracos do pavimento que ocorrem ano sim, ano não. Em trechos da TO-040, é possível ver de duas a três diferentes camadas de asfalto sobre a outra, criando calombos que os caminhoneiros apelidaram de “buracos para cima”.

A via é usada principalmente por caminhões que vão com adubo da Bahia e os que voltam com calcário e grãos produzidos no Tocantins.

Dirceu Delatorre, que tem duas fazendas no Tocantins, diz que seus sete caminhões deixariam de ter custos até 20% maiores por transitar na região.

Um dos seus motoristas é Noé Rodrigues, 65 anos, dirigindo caminhão desde 1978. Orgulhoso, mostra sua nova Volvo 540 I-Shift, com câmbio automático de 12 marchas. Mas, na hora de partir para a rodovia, o sentimento é a lamuria.

“Dá até pena botar um caminhão novo assim numa estrada dessa”, diz o caminhoneiro, lembrando o preço de R$ 375 mil da máquina.

Perdas

Só o setor agrícola brasileiro desperdiça R$ 3,8 bilhões, segundo a estimativa da CNT, apenas com o transporte dos 66 milhões de toneladas de milho e soja por rodovia (o que inclui estradas não asfaltadas). Isso colabora para que o custo para transportar a produção no Brasil sejam entre o dobro e o triplo da média americana, por exemplo.

Quando esses produtos usam caminhão para distâncias acima de mil quilômetros, o transporte pesa ainda mais no custo, tornando o produto menos competitivo.

Na região do Matopiba, que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, essas perdas são ainda mais significativas já que elas estão distantes mais de mil quilômetros dos portos. É nessa área que a pior ligação passa.

Por causa do contínuo aumento das lavouras de soja, milho e algodão na região nas últimas duas décadas, o governo decidiu fazer dois projetos ferroviários tentando reduzir custos de transportes e, assim, incentivar mais produção.

Uma década se passou e nem a extensão da Ferrovia Norte-Sul até São Paulo e nem o Ferrovia Oeste-Leste, de Barreiras (BA) a Ilhéus (BA), estão funcionando. A nova previsão da Valec, estatal responsável, é 2018.

Já foram gastos mais de R$ 10 bilhões, parte deles perdida em superfaturamentos e outros prejuízos, e o pouco que ficou pronto não funciona adequadamente.

No caso da região do Tocantins, as cidades próximas ao trecho da pior rodovia poderiam utilizar mais facilmente a Norte-Sul como via de escoamento até o porto. Para isso, o projeto original previa pátio para depósito e transbordo de mercadorias em Porangatu (TO). A Valec pagou R$ 11 milhões em equipamentos para sua construção, mas o pátio nunca ficou pronto.

“A gente tinha muita esperança nessas linhas”, diz a fazendeira Carminha Missio, presidente do Sindicato Rural de Luis Eduardo Magalhães.

Sem a opção do trem, o caminhão vira a saída para tudo. No caso do calcário, um produto de alta densidade, a mercadoria deve ser colocada só até o meio da caçamba para que o peso não fique acima do permitido para a estrada. Se o peso está além do máximo, mais chance da estrada ser destruída.

A balança no posto de fiscalização na fronteira entre os dois estados está quebrada desde novembro, sem perspectiva de voltar a funcionar porque o contrato com a manutenção foi encerrado. Fiscais que trabalham no posto contaram que caminhões passavam nitidamente acima do peso, o que piora ainda mais a rodovia.

Dono de uma frota de caminhões em Dianópolis (TO), a cidade no meio do caminho do pior trecho rodoviário do país, Evandro Mokfa conta que os custos a mais com sua frota acabam se refletindo nos preços. E nem chegam a ser todos repassados aos consumidores.

A NTC&Logística, maior entidade do setor de empresas de transporte por caminhão, faz semestralmente pesquisa em que aponta que as empresas recebem entre 9% e 21% menos que os custos mínimos necessários para a atividade. A crise aprofundou os números.

Quando conversou com a reportagem, o caminhoneiro João Batista de Souza estava há seis dias esperando por carga num posto de gasolina em Luis Eduardo para um frete para Fortaleza. Segundo ele, os valores caíram de R$ 160 a tonelada para R$ 150 em duas semanas. Há um ano, passava de R$ 200.

Perguntado porque aceita preços que, segundo ele, nem chegam a pagar seus custos e o diesel numa estrada como a via até Natividade, o caminhoneiro se resigna: “O caminhão está aí. Não tem como ficar parado”.

Baiuchos

Para compensar os preços mais altos de frete, as atividades precisam de uma rentabilidade elevada, o que limita o crescimento. Luis Eduardo, onde as terras são amplas e é possível plantações em grandes extensões, cresce em média três a cinco vezes mais que as cidades mais ao fim do trecho, no estado do Tocantins, segundo dados do IBGE.

Natividade, uma das pontas do trecho pesquisado, é a cidade mais antiga do Tocantins, fundada em 1734 por Bandeirantes em busca de ouro. A região de rios de águas cristalinas chegou a ter 40 mil escravos vindos do litoral da Bahia pela mesmo caminho que hoje é a pior ligação rodoviária do país.

Os escravos deixaram como herança a inconclusa Igreja para Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que levou o Iphan em 1997 a declará-la Patrimônio Histórico.

Assemelhada a outras cidades do ciclo do ouro como Paraty (RJ), Goiás Velho (GO) e Tiradentes (MG), Natividade teria o turismo como opção para o desenvolvimento. Mas os próprios moradores são céticos quanto a poderem receber visitantes.

“Meu sobrenome aqui é ´louca´”, diz Cirene Coelho, presidente do Conselho Municipal de Turismo sobre como é encarada ao falar sobre trazer turistas para a cidade.

Cirene reclama das notas dadas à estrada, mas não sabe quantos visitantes chegam à noite da região da Bahia em seu hotel por medo de parar na estrada. A viagem de 250 quilômetros, a depender do período, pode durar mais de cinco horas.

“Se dá um problema, vai ficar onde se nem acostamento tem?”, reclama.

Sem turismo, com terrenos de menor produtividade e mais distante dos portos que sua concorrente, Natividade perdeu 13% de suas empresas num período de 10 anos e vai vivendo da prefeitura, assim como a maioria das cidades brasileiras.

A vizinha Luis Eduardo Magalhães, antiga Mimoso do Oeste, tem 30 anos como município. Carminha Missio, a presidente do Sindicato Rural da cidade, conta que o pai, Amélio Gatto, chegou em 1979 (quando a região ainda pertencia a Barreiras) apenas com um carro velho, que ficou de entrada para a compra de um terreno.

A área era dezenas de vezes maior que a pequena chácara onde ele, a esposa e 10 filhos teriam que prover o futuro de todos na pequena cidade gaúcha de Espumoso.

Chamados de “Baiuchos”, eles precisaram construir os caminhos de terra com tratores, dormir sobre caminhões e estocar alimentos em banha de porco para não passarem fome devido ao isolamento.

A chegada das estradas asfaltadas, conta Carminha, ajudou no crescimento da região, agora uma das mais ricas do Nordeste. O PIB per capita é de R$ 50 mil, quase o dobro do brasileiro. Mas a rodovia parou no tempo: é a mesma de 2006, quando havia 5 mil carros na cidade que hoje tem 40 mil, o que levou a seu esgotamento e, consequentemente, aos acidentes.

Segundo dados da polícia local, foram 110 acidentes no ano de 2015, quase um a cada três dias. Neles, morreram 12 pessoas. Em outro trecho de 157 quilômetros da BR-242, que corta a cidade e vai até Barreiras (BA), mais 110 acidentes, com 13 mortos.

Anos atrás, a vítima foi Amélio Gatto, o pai de Carminha. Com voz embargada, ela diz o que pensa sobre as estradas na região: “são, basicamente, assassinas”.

Fonte: Blog do Caminhoneiro

Na lama, estradas atrasam promessas da agricultura brasileira

Cem quilômetros de lama é o que caminhões que levam grãos do Mato Grosso, o maior estado produtor de soja e milho do Brasil, frequentemente enfrentam em suas viagens para o recém-criado corredor de exportação no Norte do país.

Durante o último boom das commodities, as exportações brasileiras eram prejudicadas por gargalos nos portos que resultavam em filas de navios esperando para serem carregados.

Agora, com muitos desses problemas solucionados, outra deficiência ficou mais exposta: o estado ruim das rodovias do país.

Com cerca de 100 dos mais de 1.500 quilômetros do trecho BR-163 entre Cuiabá, em Mato Grosso, e Santarém, no Pará, sem pavimentação, cerca de 40 por cento da capacidade dos portos no Norte e no Nordeste do país ficará ociosa nesta safra em meio a gargalos e atrasos, segundo Kleber Menezes, secretário de Transportes do Pará, onde os novos terminais estão localizados. Isso eleva os custos para todos os envolvidos, de produtores a transportadores e exportadores.

“Quando chove, o trânsito é simplesmente interrompido”, disse Menezes em entrevista por telefone.

Na região atravessada pela BR-163 chove com mais frequência no verão, quando a soja precisa ser transportada dos campos para o porto.

A média mensal de precipitações durante o verão em Itaituba, município que fica no caminho para o porto, é de cerca de 295 milímetros, de acordo com dados históricos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Inundações são comuns na região. Em contraste, a média anual do município é de 182 milímetros.

O Brasil é o maior exportador mundial de soja, café, açúcar e suco de laranja, uma superpotência agrícola que concorre com EUA e Europa.

Em alguns aspectos, no entanto, continua sendo um mercado subaproveitado, com muitas fazendas não desenvolvidas e terras aráveis que ainda podem entrar em produção.

Quando a colheita começou a acelerar durante um boom que começou na década de 2000, o problema frequente eram os tempos de espera para as embarcações ancorarem, que aumentou para meses, com filas de até 100 quilômetros de caminhões esperando para serem descarregados.

Esses problemas desapareceram nos últimos dois anos porque a capacidade de embarque aumentou e novos procedimentos aceleraram o tempo de carregamento, especialmente nos principais portos do Sul do país.

Agora, os portos do Norte estão acompanhando o ritmo. Investimentos privados de empresas como Archer-Daniels-Midland e Cargill vão aumentar a capacidade dos portos do Norte e do Nordeste para 42 milhões toneladas nesta safra, segundo Edeon Vaz Ferreira, coordenador do Movimento Pro-Logística da Aprosoja, associação que reúne produtores de soja. A capacidade era de aproximadamente 27 milhões toneladas na safra anterior.

No entanto, os exportadores não poderão tirar o máximo proveito. A falta de um sistema forte de estradas pavimentadas na região provavelmente irá limitar a quantidade de grãos que passará por esses terminais para cerca de 30 milhões de toneladas, disse Ferreira.

“A sonhada saída pelos portos do Norte finalmente se tornou realidade”, disse Ferreira em entrevista por telefone. “Mas nós ainda não podemos usar a capacidade total.”

Fonte: Blog do Caminhoneiro

Rodovias ruins aumentam consumo de diesel e geram prejuízo de R$ 2,3 bi

As condições precárias das rodovias devem gerar um prejuízo, aos transportadores, de R$ 2,34 bilhões em 2016, somente devido ao consumo desnecessário de mais de 700 milhões de litros de diesel. Esse valor leva em consideração a qualidade do pavimento, item que apresentou problemas em 48,3% da extensão avaliada na Pesquisa CNT de Rodovias 2016.

De acordo com o estudo da Confederação Nacional do Transporte, o desperdício de diesel dos veículos de carga que transitam onde o asfalto tem problemas é, em média, de 5%. Isso se deve ao aumento das frenagens e acelerações.

Outro problema é o aumento das emissões de poluentes. A estimativa da CNT é de que essa queima de diesel excedente contribua para a emissão desnecessária de 2,07 megatoneladas de CO2 neste ano.

O cálculo da Confederação sobre o desperdício de combustível leva em consideração a previsão de consumo em 2016 e o preço médio de revenda do diesel comum, R$ 3,015 o litro (média de janeiro a agosto de 2016). A média de consumo anual é uma estimativa do Primeiro Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2011.

Agência CNT de Notícias