Um investimento de R$ 292,5 bilhões. Essa é a estimativa de recursos para que a atual malha rodoviária do país esteja em condições ideais para circulação de veículos. Desse total, seriam necessários R$ 57 bilhões para recuperar rodovias mal conservadas, R$ 137,1 bilhões para duplicação de vias, além de R$ 98,3 bilhões para a construção e pavimentação de 21 mil quilômetros. É o que revela pesquisa CNT de Rodovias 2016, da Confederação Nacional de Transportes. Ao todo, as rodovias do país somam 1,72 milhões de quilômetros. Desse total, apenas 211.468 km (12,3%) são pavimentados.
A pesquisa aponta que 58,2% das rodovias investigadas apresentaram condições inadequadas, sendo 34,6% em estado regular, 17,3%, ruim e 6,3%, péssimo. E a falta de manutenção e
dinheiro destinado para o setor são as principais causas para o alto número de acidentes e mortes no trânsito.
Nas rodovias federais, a média é de cerca de 18 mortes por dia. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde, acidentes de trânsito foram responsáveis por 1,25 milhão de mortes em todo o mundo em 2015. No Brasil, foram 42 mil acidentes em 2015, com 6.859 mortes. Nos Estados Unidos, o número foi de 33 mil, mesmo a frota sendo seis vezes maior do que a brasileira e a malha rodoviária vinte vezes mais extensa. A frota no Brasil é de quase 90 milhões de automóveis. Apesar do dado alarmante, o estudo da CNT revelou um dado relevante.
Iniciativa privada
A pesquisa aponta que entre as rodovias do país administradas por concessionárias, 78,7 % foram classificadas como ótimas ou boas. As 10 melhores rodovias estão sob concessão. Segundo a CNT “a iniciativa privada é menos burocrática e mais eficiente, e portanto, consegue definir a aplicação dos recursos de forma mais rápida”. Enquanto isso, a aplicação de recursos do governo destinado ao setor é cada vez pior, sobretudo nos últimos dois anos de crise. Segundo os dados, em 2015, o investimento federal em infraestrutura de transporte em todos os modais foi de apenas 0,19% do PIB (Produto Interno Bruto). Desde o início da década de 90, o melhor índice foi em 2010, com 0,39% do PIB.
“Essa distorção nos gastos públicos tem causado graves prejuízos à sociedade brasileira, desde o desestímulo ao capital produtivo, passando pelas dificuldades de escoamento da produção até a perda de milhares de vidas”, avalia o presidente da CNT, Clésio Andrade.
Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias – ABCR, o número de acidentes nas rodovias concedidas indica que a cada ano as rodovias sob administração privada estão mais seguras, com queda de 35% de mortes.
O índice mostra que, em 2015, o número de acidentes, mortos e feridos atingiu o menor patamar desde 2009, apesar do aumento crescente no tráfego de veículos e na extensão da malha rodoviária. Há sete anos, 451.829.219 veículos trafegaram pelos 14.585 quilômetros de rodovias privadas. Ao final de 2015, houve aumento de 46% no tráfego de veículos (660.460.219) e 30% na extensão da malha rodoviária (19.030). Mesmo assim, o número de acidentes, feridos e mortos caiu cerca de 20%, 25% e 35%, respectivamente.
Segundo o presidente da ABCR, o investimento é um dos fatores principais para a maior segurança. “O índice de acidentes nas rodovias concedidas não acompanhou o aumento do tráfego e da extensão da malha rodoviária nos últimos anos. Isso é reflexo de investimentos e campanhas de segurança e conscientização realizadas pelas concessionárias de rodovias”, afirma César Borges, presidente da ABCR. “Desde o início do Programa de Concessões, em 1995, foram investidos mais de R$ 50 bilhões em obras e mais de R$ 45 bilhões em manutenção e melhorias de segurança nas vias. As rodovias concedidas são as mais seguras do país”, completa.
Melhor saída
Para a CNT, a principal saída para a melhorar a situação das rodovias é “a ampliação da participação da iniciativa privada no processo de recuperação. O acompanhamento feito pela pesquisa ao longo dos anos evidencia que as rodovias sob gestão concedida têm apresentado melhores resultados em relação àquelas sob gestão pública, além de disponibilizar investimentos cada vez maiores de capital para as intervenções rodoviárias, superiores aos efetuados pelo setor público e consequentemente uma melhor qualidade das rodovias sob sua gestão”, diz o documento. Entre os investimentos que colaboram para a redução de acidentes estão a implantação de marginais, duplicação de pistas e construção de acostamentos.